A apenas 6 km do centro de Santarém (PA), o bairro Pérola do Maicá vem se consolidando como modelo de Turismo de Base Comunitária (TBC), ao integrar geração de renda, fortalecimento da cultura local e conservação ambiental. Para conhecer de perto essa experiência, a equipe técnica da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur) visitou o território e percorreu o roteiro organizado pela Associação de Moradores do Pérola do Maicá (AMBAPEM), que já atrai turistas, pesquisadores e visitantes em busca de vivências autênticas.
As atividades incluem:
• Passeio de bajara ou canoa pelo Lago do Maicá
• Observação de aves (mais de 91 espécies registradas, especialmente ao amanhecer)
• Trilhas ecológicas (no período da vazante, entre agosto e novembro)
• Visita a quintais agroecológicos
• Feira com produtos locais
• Oficinas com mulheres artesãs
• Demonstração de pesca artesanal (com mais de 100 espécies de peixes catalogadas)
• Roda de conversa e apresentações culturais
• Degustação de pratos típicos
O secretário municipal de Turismo, Emanuel Júlio Leite, destacou o potencial do projeto:
“O que está sendo feito aqui é prova de que o turismo pode transformar realidades. Gera renda, valoriza a cultura local e preserva o meio ambiente. Volto ao bairro e vejo uma equipe empolgada, capacitada e comprometida. Essa é a alma do turismo comunitário: pessoas fazendo com amor e de forma colaborativa.”
Lago do Maicá: onde natureza e modo de vida se encontram
Com cerca de 40 km de extensão, o Lago do Maicá é um canal de várzea que conecta o rio Amazonas a outros lagos da região. Próximo à zona urbana, destaca-se pelas águas tranquilas, vegetação densa e árvores imponentes.
O lago é um berçário natural da fauna amazônica, abrigando inúmeras espécies de peixes, aves e mamíferos. Ao longo de seu percurso — entre o Maicá e o Ituqui — vivem comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas, extrativistas e agricultores familiares, que praticam a pesca artesanal e o manejo sustentável dos recursos locais.
Os passeios guiados por moradores, com duração média de 1h30, proporcionam uma imersão na floresta alagada. Em dias favoráveis, é possível avistar araras-azuis, garças, botos, preguiças, jacarés e macacos.
Culinária com identidade
A gastronomia do bairro é parte essencial da experiência. Um dos destaques é o Arroz do Maicá, elaborado pela chef Rebecca Riker Carneiro, que combina arroz com jambu, peixe frito pescado no lago, tucupi, banana-da-terra e farofa de castanha.
Na sobremesa, o surpreendente brigadeiro de tucupi com flor de jambu mistura sabores da floresta com criatividade.
Moradoras como Dona Lindalva Costa da Silva mantêm viva a tradição culinária local, com pratos à base de filhote, surubim, dourada e galinha caipira — preparados com ingredientes do lago e dos quintais produtivos da comunidade.
Quintais que alimentam e fortalecem
A produção agroecológica é um dos pilares da economia local. Cultivada nos próprios quintais, garante alimentos saudáveis e renda para as famílias. Seu Zelí Ramos de Sá, por exemplo, cultiva 22 canteiros e fornece hortaliças para feiras e mercados da cidade.
“Aqui quase todo mundo planta. A cada 15 dias, vendemos nossa colheita na associação. É tudo sem veneno, direto do nosso quintal, com cuidado e amor”, explica.
Pesca artesanal: tradição e subsistência
O Lago do Maicá abriga mais de 100 espécies de peixes, sendo fundamental para o sustento das famílias da região. A pesca artesanal é uma prática ancestral que segue viva na rotina local.
Cantídio Benício Rego, morador há 34 anos, resume sua relação com o lago:
“Pesco desde os cinco anos. Quando cheguei aqui, me apaixonei. A gente observa o vento, a cor da água, a profundidade… tudo isso é sabedoria. Respeitar a natureza é essencial. E esse rio é muito generoso.”
Visitantes podem acompanhar o cotidiano dos pescadores e, de forma respeitosa e guiada, participar da atividade.
Agendamento e respeito ao ritmo da comunidade
Para participar das experiências no bairro, é necessário agendar com antecedência. A proposta é garantir o acolhimento sem interferir na rotina da comunidade.
“A gente se prepara para receber. Não queremos interferir na rotina da comunidade, mas somar. Por isso, é importante saber com antecedência quais passeios a pessoa deseja fazer, para alinhar com os moradores que vão acompanhar,”explica Denilson dos Reis Silva, coordenador do Departamento de Turismo de Base Comunitária da AMBAPEM.
Agendamentos:
Valdecir Oliveira – (93) 99145-2505
Denilson Reis – (93) 99136-9228