1. Página Inicial
  2. Notícias
  3. Sairé 2025
  4. Botos do Amanhã: a infância que dança o futuro de Alter do Chão
Botos do Amanhã: a infância que dança o futuro de Alter do Chão Autor: Rony Aires

Botos do Amanhã: a infância que dança o futuro de Alter do Chão

Neysle Magalhães
Publicado em - Atualizado
Em noite encantada no Sairé 2025, crianças do Tucuxi do Amanhã e da Companhia Cor de Rosa Mirim emocionam moradores e turistas, celebrando o povo Borari, sua força, memória e identidade cultural

Na noite desta sexta-feira, 19, a vila de Alter do Chão viveu um momento de pura poesia ancestral. No coração do Sairé 2025, o brilho não veio apenas dos refletores ou dos trajes coloridos, mas dos olhos curiosos e dos passos firmes de dezenas de crianças que assumiram o palco da tradição: o Boto Tucuxi do Amanhã e o recém-batizado Companhia de Artes Boto Cor de Rosa Mirim encantaram o público com arte, resistência e a esperança viva que brota da infância.

Sob o tema “A geração, o futuro ancestral”, o Tucuxi do Amanhã mostrou que o tempo não apaga o que o povo Borari semeia com amor: cultura, pertencimento e luta. Com 65 crianças, o projeto chega ao seu terceiro ano como um sopro de continuidade no corpo e na alma de um povo que resiste para existir.

A apresentação foi conduzida por Daniel Costa, apresentador oficial do Boto Tucuxi, que celebrou o trabalho coletivo com emoção.

“Esse é um trabalho realizado aqui em Alter do Chão, com nossas crianças. Com toda certeza é uma felicidade muito grande pra gente que cresceu nesse convívio cultural, hoje, poder fortalecer a nossa cultura repassando um pouco do nosso conhecimento para as nossas crianças. Eles são a geração que irá manter viva a nossa tradição”.

E manter viva é também transformar. No palco, a força do Tucuxi ecoou por meio dos seus itens mirins, como a pequena Alice Sofia Mota, estreante na dança.

“Dá muito trabalho pra lembrar toda a coreografia, mas a gente consegue lembrar, consegue dar um espetáculo e animar pro nosso boto Tucuxi”.

Entre coreografias, cânticos e rituais, a plateia foi levada a um mergulho na essência Borari — um povo que segue firme na defesa do seu território e da sua identidade, passando o bastão da memória para mãos miúdas, porém seguras.

Em cena, o jovem João Victor, boto-homem do Tucuxi do Amanhã, também deixou seu recado.

“A gente sente que tá fazendo parte de uma coisa muito maior. É bonito ver a gente aprendendo e ensinando ao mesmo tempo. Eu danço pelo Tucuxi, mas também pelo meu povo”.

Do outro lado da arena, a poesia ganhou novas cores com o Boto Cor de Rosa Mirim, que agora responde pelo nome de Companhia de Artes Boto Rosa Mirim. 

Com 55 crianças, o grupo trouxe o tema “Aquarela Cor de Rosa”, uma celebração das cores que pintam a Amazônia, com destaque à mais encantadora delas: o rosa.

O grupo foi formado por pequenas estrelas que brilham com espontaneidade. Patinadores, dançarinos e quadrilheiros se uniram para celebrar a infância amazônica em forma de espetáculo. 

“Esse é um projeto de crianças, feito por e para criança. A gente só cuida da logística e deixa que eles brilhem”, destacou Alan Reis, da comissão do boto Cor de Rosa.

No elenco, Matheus Farah, boto-animal, se apresentou ao lado da irmã Valentina Farah, item “a menina do boto”. Entre uma dança e outra, ele resume a alegria que move o projeto.

“É muito legal, né? Tá no Sairé, viver um pouco disso, participar, dançar… deixa a gente feliz, a gente se diverte lá dentro”.

Enquanto os filhos dançam, os pais vibram de fora, orgulhosos de ver a cultura sendo vestida em forma de penas, cores e sonhos.

A apresentação dos botos mirins faz parte da programação oficial do Sairé 2025, mas vai além do festival: é ensaio de vida, é construção de pertencimento. Uma semente lançada no chão sagrado de Alter — onde cada criança se torna guardiã do tempo, do tambor, da tradição. Porque no coração da Amazônia, é brincando que se aprende a resistir. E dançando, que se escreve o futuro.

Para a concepção, desenvolvimento e execução dos projetos artísticos “Essência Borari”, do Boto Tucuxi, e “Catraia – Encantaria do Atravessar”, do Boto Rosa, assim como do Rito Tradicional “Sairé 2025 – Cecuiara da Tradição”, contam com o apoio de parceiros públicos e privados por meio de projetos incentivados pela Lei Rouanet, do Governo Federal, via Ministério da Cultura. Contam ainda com o patrocínio do Ministério do Turismo, Sesc, Equatorial Energia, Banpará, Amstel, Coca-Cola, Vivo, Caixa, Companhia Docas do Pará e Avante Atacadista. Agência oficial: Maná Produções. Apoio: Secretaria de Estado de Cultura do Pará, Assessoria Cultural, Borari Produções. Realização: Prefeitura de Santarém, em acordo de cooperação com o Ministério do Turismo, Sesc, Senac, Governo do Pará, Fundação Cultural do Estado do Pará e Semear – Programa Estadual de Incentivo à Cultura.

 

Confira mais imagens: 

Política de Privacidade

Usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços. Ao utilizar nossos serviços, você está ciente dessa funcionalidade. Consulte nossa Política de Privacidade.