Autor:
Caio Lobato
O Sairé, uma das festas mais tradicionais de Alter do Chão, segue em plena celebração com o rito religioso que acontece todos os dias em horários sagrados: ao meio-dia e ao entardecer. Neste sábado, 20, a programação seguiu a tradição. Ao meio-dia, no Barracão do Sairé, ocorreu o Rito Tradicional, com cânticos da Folia do Sairé e oração ao Divino Espírito Santo, seguido de um almoço, momento de partilha entre os integrantes do rito, moradores e visitantes.
No fim do dia, o público volta a se reunir para o momento da Despedida do Dia, que inclui o Rito da Folia, a Ladainha do Rito, o tradicional Cortejo ao redor do mastro e o emocionante Beija-fita, quando fiéis fazem pedidos e agradecimentos à Coroa da Santíssima Trindade. O encontro encerra com o jantar, novamente marcado pela partilha.
Segundo o coordenador do Sairé, Osmar Vieira, esses horários carregam profundo significado espiritual. “São as horas sagradas que a gente tem. Esses momentos retratam um pouco da nossa história, da história do indígena e do caboclo. Tudo tem sua licença: a hora de ir ao igarapé, a hora de entrar na mata. Dentro do Sairé, a gente faz as dobradas às doze e às dezoito horas, que são momentos sagrados. É quando entoamos as folias e fazemos a oração ao Espírito Santo. Depois, acontece o almoço, que também tem um caráter de partilha. É como se fosse a nossa casa, o coração de tudo, onde recebemos as pessoas, visitantes e moradores”, explicou.
A Rezadeira do Rito, Urbana Coelho Ferreira, de 82 anos, que participa há décadas do rito, destaca a importância de manter viva a tradição. “Durante esses cinco dias, o almoço acontece todos os dias para o pessoal do rito e algumas pessoas da comunidade. Antes, ao meio-dia, os foliões cantam na frente do trono da Santíssima Trindade, e só depois a gente almoça. Às seis da tarde, eles cantam novamente, fazem o ritual, giram ao redor do mastro, cantam a ladainha, depois acontece o beija-fita, quando as pessoas fazem seus pedidos e agradecimentos. Isso acontece todas as noites. É uma tradição que precisa ser preservada, porque é isso que se chama Sairé pra nós: fé e devoção”, contou emocionada.
No domingo, 21, o rito ganha uma programação especial. Pela manhã, haverá ladainha às 8h, seguida do Rito Tradicional às 10h. À noite, ocorre a Despedida do Dia, com Missa do Rito, Cortejo ao redor do mastro, Beija-fita e o tradicional jantar ritual. Osmar ressalta que o domingo é único. “O domingo é o dia da Cecuiara, o dia do Sairé. É quando tudo se encerra com a missa e o banho de cheiro, um momento muito especial que marca o fim da festa”, disse.
Com cânticos, orações e momentos de partilha, o rito tradicional do Sairé segue como o coração da festa, unindo fé, cultura e história em Alter do Chão, mantendo viva uma devoção que atravessa gerações.
Para a concepção, desenvolvimento e execução dos projetos artísticos “Essência Borari”, do Boto Tucuxi, e “Catraia – Encantaria do Atravessar”, do Boto Rosa, assim como do Rito Tradicional “Sairé 2025 – Cecuiara da Tradição”, contam com apoio de parceiros públicos e privados por meio de projetos incentivados pela Lei Rouanet, do Governo Federal, via Ministério da Cultura. Contam ainda com o patrocínio do Ministério do Turismo, Sesc, Equatorial Energia, Banpará, Amstel, Coca-Cola, Vivo e Caixa. Agência oficial: Maná Produções. Apoio: Assessoria Cultural, Borari Produções e Avante Atacadista. Realização: Prefeitura de Santarém, em acordo de cooperação com o Ministério do Turismo, Sesc, Senac, Governo do Pará, Fundação Cultural do Estado do Pará e Semear – Programa Estadual de Incentivo à Cultura.
