A cerâmica tapajônica está em evidência no Pavilhão Pará na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Esse ofício ancestral, além de movimentar a economia criativa, fortalece o turismo cultural, preserva a memória coletiva e reafirma a identidade histórica da região do Oeste do Pará.

O artesão e arqueólogo Jefferson Paiva, referência na produção de réplicas da cerâmica tapajônica, participa da programação com exposições e atividades.
“Participei do edital do Governo do Estado para expor no Museu do Artesanato, no São José Liberto. Estaremos também no Museu das Amazônias, no Parque da Cidade e na Praça da República, com uma proposta colaborativa e integradora”, explica.
Iniciado na arte aos 15 anos, Jefferson se tornou um dos principais difusores da estética tapajônica.
“Trabalho com estatuetas antropomorfas, vasos de gargalo e vasos-cariátides. As peças originais estão em acervos distantes, como o do Museu Emílio Goeldi, mas as réplicas trazem esse patrimônio de volta ao povo de Santarém”, destaca.
Para ele, participar da COP 30 representa orgulho e afirmação cultural:
“Vamos levar nossa cultura local. Estar nesse evento mostra ao mundo que existimos, que nossa cultura tapajônica é milenar, resistiu ao tempo e continua viva até hoje. Isso é o que mais importa destacar.”
Também presente na programação está o mestre ceramista Elves Costa, que leva à COP 30 a tradição das técnicas ribeirinhas e do legado da nação Tapajó. Nascido em Santarém, Elves carrega a missão recebida de seus ancestrais das etnias Tapajó e Tapuia, entre a região do Lago Grande e Arapiuns.
“Meu trabalho é preservar e manter viva essa cultura milenar do fazer cerâmica através das técnicas primitivas, produzindo tanto réplicas arqueológicas quanto vasilhas utilitárias criadas por gerações de povos ribeirinhos”, afirma.

Mais do que objetos decorativos, as peças de cerâmica funcionam como instrumentos de educação patrimonial, turismo cultural e valorização histórica. Grande parte da produção é adquirida por colecionadores e instituições de estados como São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Distrito Federal. Já no mercado local, a demanda é voltada principalmente para a cerâmica utilitária, como panelas, potes e utensílios tradicionais.



O processo artesanal começa com a coleta do barro das áreas de várzea, geralmente obtido com produtores de telhas. Após a limpeza, a argila é moldada à mão, seca naturalmente e queimada em forno a cerca de 900 °C, resultando em peças resistentes, cheias de formas, grafismos e ornamentos inspirados em coleções arqueológicas milenares.
Autor:
Rony Aires