Santarém vista de cimaSantarém está entre as cinco cidades mundiais escolhidas para o desenvolvimento do Projeto Rede de Cuidado Renal, coordenado pela Sociedade Internacional de Nefrologia. A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), vem apoiando o projeto com a participação de 20 profissionais que atuam em unidades básicas de saúde locais, além de colaboradores do setor de nefrologia do município.
A apresentação do projeto aconteceu nestes dias 13 e 14, nas dependências da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e contou com a participação de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), acadêmicos de medicina da Uepa, residentes do curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP), além de representantes da Sociedade Internacional de Nefrologia.
Representantes da Semsa durante encontro com a sociedade Internacional de Nefrologia, no auditório da UepaTrata-se de um projeto piloto em que Santarém foi a única cidade brasileira a ser contemplada. Além do Brasil, o projeto será desenvolvido também em outros quatro países: Bolívia, Nepal, África do Sul e Malawi.
O professor da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e médico nefrologista membro da Sociedade Internacional de Nefrologia, Emmanuel Burdman, ressalta que este é um projeto revolucionário, que leva ao início do sistema de saúde as informações para o reconhecimento da insuficiência renal aguda (IRA), doença comum e mortal que acarreta uma grande carga de atendimento nos hospitais.
"A nossa ideia é levar as informações e focar nos agentes comunitários de saúde que entram em contato mais direto com os pacientes. Estendendo ainda aos técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos que trabalham nas unidades básicas de saúde, capacitando-os a reconhecer os pacientes que têm riscos de insuficiência renal aguda e agir rapidamente, fazendo diagnóstico, tratando e resolvendo se possível o problema na própria unidade de saúde, sem precisar encaminhar o paciente para o hospital, desafogando também o setor de hemodiálise", afirma.
Assim, o objetivo principal do projeto é proporcionar treinamento aos participantes quanto a identificação precoce da IRA, evitando seu agravamento e as internações. "O desafio da Sociedade Internacional de Nefrologia é zerar as mortes por insuficiência renal aguda até 2025. Então, a proposta é fazer um estudo estratégico com foco na resolutividade na atenção primária, identificando e tratando possíveis casos de forma precoce, evitando o avanço da doença", ressalta o médico nefrologista Júnior Aguiar, responsável local pelo projeto e responsável técnico pelo Centro de Nefrologia do Município.
Em Santarém, esta primeira fase do Projeto Rede de Cuidado Renal deve contemplar 4 unidades de saúde, são elas: o Hospital Municipal de Santarém e as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Alter do Chão, Tiningu e Arapixuna. A escolha dessas unidades veio em decorrência da distância da sede do município e da dificuldade maior de deslocamento dos pacientes para atendimento hospitalar.
A médica de família, Camila Vieira, que atua na UBS Alter do Chão, explica que essa identificação de casos será facilitada com a chegada de equipamentos que serão disponibilizados nessas UBSs através do projeto e que servirão para realizar o exame que mede o nível de creatinina no sangue do paciente. "É um aparelho similar ao que mede os níveis de glicose, por exemplo, mas que nesse caso vai medir o nível de creatinina, substância metabólica que ajuda a avaliar o funcionamento dos rins. E o resultado sairá na hora, otimizando o trabalho da equipe que atua na atenção primária", informa.
Os equipamentos devem chegar nos próximos dias a Santarém e serão encaminhado às unidades de saúde contempladas. Assim que estiverem disponíveis nas unidades, devem entrar em funcionamento, auxiliando na identificação precoce de problemas renais da população local.