Pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) estiveram em Santarém na última semana, fazendo um levantamento sobre o Programa Mais Médicos, do governo federal. Esta é a segunda etapa da pesquisa, sendo que a primeira ocorreu em 2014, logo após o início do programa.
A pesquisa, realizada pela Fiocruz a pedido dos Ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC), tem por finalidade avaliar os serviços de saúde e seus provimentos, além de verificar o andamento da prática de residência médica e dos cursos de medicina ofertados no município de Santarém.
Para isso, estiveram na cidade o coordenador da estação de pesquisa de sinais de mercado do observatório de recursos humanos do Núcleo de Educação e Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sábado Girard e a pesquisadora da estação de pesquisa de sinais de mercado e doutoranda em saúde pública do curso de medicina da UFMG, Ana Cristina Sousa. Mas, a pesquisa prossegue em outros municípios do oeste do Pará. Ao todo, seis pesquisadores estão, desde a última semana, percorrendo a região, realizando pesquisa de campo, traçando um perfil detalhado do programa Mais Médicos em diversos municípios brasileiros.
Em Santarém, eles reuniram com coordenadores da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e visitaram ainda Unidades Básicas de Saúde (UBS's) da cidade. Os pontos verificados na pesquisa, são: provimento de médicos, suficiência, impacto gerado nas comunidades com a diminuição da carência de médicos, desempenho deles nas comunidades, a aceitação do programa, avaliação dos serviços, o acesso da população aos serviços de saúde, a qualidade desses serviços e o resultados com relação a resolução dos problemas de saúde dos municípios.
De acordo com Sábado Girard, o andamento do Programa Mais Médicos em Santarém é, com certeza, muito positivo. "É por isso que estamos aqui, para, além de avaliar o que é necessário para melhorar o serviço, saber quais ao avanços, reformas e mudanças no programa que ainda precisam ser feitos, para atingir todos os seus objetivos", salientou.
Segundo ele, houve uma mudança no olhar das pessoas em relação aos médicos que atuam no programa. "As pessoas mudaram a maneira de ver os médicos, formando um vínculo de confiança, proximidade e respeito. O programa trouxe uma medicina mais solidária, com o médico mais integrado ao paciente, mais próximo à sociedade", disse Girard.
Para a pesquisadora Ana Cristina Sousa, o Mais Médicos foi um avanço, especialmente para quem vive em regiões mais distantes do centro urbano. "Mais evidente aqui são aqueles que estão em locais mais remotos, regiões mais distantes dos grandes centros, que antes não tinham médicos e que agora têm, graças ao programa. Isso tem suprido muito as necessidades dessas pessoas", enfatizou.
O Programa em Santarém
Em Santarém, o programa Mais Médicos é administrado pela prefeitura de Santarém, por meio da coordenadoria de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Na cidade, a primeira vinda de médicos através do Programa, ocorreu em novembro de 2013. Na época, Santarém recebeu 24 médicos, para atendimento em 24 equipes de Saúde da Família. Atualmente, a cidade conta com 29 médicos e mais 02 médicos devem chegar nos próximos dias, completando, assim, as 31 vagas de que o município dispõe.
Na avaliação do enfermeiro Lauro Correa, coordenador dos médicos da atenção básica da Semsa, da qual faz parte o Programa Mais Médicos, "o programa trouxe o fortalecimento da atenção básica, pois com o aumento na disponibilidade de médicos, também aumentou o número de consultas e a qualidade das consultas. Melhorou o pré-natal, o acompanhamento aos diabéticos, aos hipertensos, e assim por diante. O paciente é ouvido, é avaliado, tem a oportunidade de conversar com o médico, estreitando o vínculo, a relação entre eles", concluiu.
Novas aquisições
O Programa Mais Médicos foi criado em 2013 para ampliar a assistência na Atenção Básica, ao levar médicos para regiões com carência de profissionais. O programa tem mais 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, atendendo a cerca de 63 milhões de brasileiros.
A ideia do Ministério da Saúde (MS) é renovar o programa por mais três anos, após o seu término previsto para 2019. A prioridade do MS é ampliar a participação nacional, tornando a iniciativa mais independente e garantindo cada vez mais melhorias no atendimento médico à população. O último edital do programa foi aberto no dia 28 de novembro e encerrou suas inscrições na última sexta-feira, 01 de dezembro de 2017.