Com o objetivo de orientar, socializar e promover a integração das Famílias de Origem e Famílias Acolhedoras de forma a manter, fortalecer e preservar os vínculos familiares e comunitários foi realizado na manhã desta sexta-feira (17), um encontro com Famílias de Acolhimento vinculadas ao Programa Família Acolhedora (PFA), uma realização da Prefeitura de Santarém por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras). Na ocasião, quatro Famílias Acolhedoras e três Famílias de Origem trocaram experiências e contaram um pouco de suas gratificantes e emocionantes histórias.
Juíza Josineide Medeiros; Maria Andrade, Família Acolhedora; Secretária Celsa Brito e equipe técnica do PFAMaria de Andrade faz parte da Família Acolhedora há um ano e meio. Neste período já acolheu cinco crianças. Durante o encontro contou sua experiência com os acolhimentos. "A experiência é muito boa. No início foi um aprendizado, porque são crianças que chegam chorando, sentindo a falta dos familiares. Para ser uma Família Acolhedora é preciso ter coragem, precisa ter o dom, pois para cuidar de alguém é preciso querer. É uma criança que chega precisando de ajuda e você tem que estar disponível. Eu me sinto bem ajudando essas crianças, me sinto realizada", contou com emoção.
Joice Silva, 21, faz parte de uma Família de Origem e é mãe de duas crianças com idades de três e quatro anos. Contou que passou por problemas e foi acompanhada pelo Programa que acolheu as crianças por quase dois meses. "Saber que elas estavam com uma família responsável me deixou mais aliviada. Hoje arrumei emprego, e elas estão novamente comigo e não vão sair de perto de mim nunca mais."
A Juíza da 5ª Vara da Infância e Juventude, Josineide Gadelha Pamplona Medeiros, proferiu uma palestra sobre "Acolhimento, Proteção e Adoção" e observou que, de acordo com a previsão legal prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como medidas protetivas – para crianças e adolescentes, vítimas de algum tipo de violência e que precisam ser afastadas do convívio com a família origem – é possível a inclusão desse público em medidas protetivas de acolhimento familiar ou institucional.
"Santarém mantém um abrigo institucional há muitos anos e desde 2014 mantém o Programa Família Acolhedora (PFA) que, além de ser uma modalidade de acolhimento de forma legal é também mais humanizada. A Família Acolhedora é um espaço que reproduz o modo de vida de uma família, então a criança sofre menos quando é colocada numa medida de acolhimento familiar do que quando é colocada num acolhimento institucional. No entanto, os dois programas tem benefícios e ambos atendem a necessidade garantida à proteção da criança, que passa por um processo de violação de seus direitos", comentou Josineide Medeiros.
Ainda segundo a juíza, o PFA conta com uma equipe interna de profissionais com psicóloga e assistente social que atuam desde a captação de famílias voluntárias dispostas a aderir e seguir as diretrizes do programa, até o acompanhamento da medida levando ao judiciário as intercorrências que eventualmente surgirem. "O primeiro objetivo é que a criança acolhida retorne a Família de Origem. Para isso, as equipes trabalham com esta família com o intuito de que ela supere todos os processos de vulnerabilidade que a levaram a cometer uma infração e violar os direitos da criança. Se isto não é possível a Família Acolhedora é uma medida temporária, onde posteriormente a criança sai do acolhimento para constituir vínculos em caráter definitivo com uma família adotiva".
"Esse encontro foi de fundamental importância para que as famílias pudessem interagir, compartilhando conhecimentos e experiências, o que possibilitou o fortalecimento do Programa Família Acolhedora, considerando as pessoas que participaram, sendo algumas futuras candidatas a integrarem o Programa. O retorno foi sentir que elas ficaram incentivadas em abraçar a causa", destacou a coordenadora do PFA Altair Miranda.
A Secretária Municipal de Trabalho e Assistência Social, Celsa Brito, avaliou que esse dia foi especial. "Esta é a segunda vez que realizamos esse encontro com as Famílias Acolhedoras e as Famílias de Origem. Nós desejamos que essas Famílias de Origem possam mudar, não percam a esperança, que os pais possam estar ao lado de seus filhos, que os laços sejam reconstruídos. Os nossos agradecimentos para as Famílias Acolhedoras que estão fazendo parte do Programa, por essa missão tão importante que é o acolhimento. Aos poucos estamos avançando e desejamos melhorar ainda mais".
Entenda
A Família de Origem é a família biológica que por decisão do Conselho Tutelar tem seus filhos afastados do convívio familiar. Nesta situação o Conselho comunica o fato ao Ministério Público e presta esclarecimentos sobre os motivos de tal entendimento e sobre as providências já tomadas no sentido da orientação, apoio e promoção social da família.
A Família Acolhedora é a modalidade de Acolhimento Familiar. Representa a possibilidade de convivência familiar e comunitária em ambiente que garanta atenção individualizada para a criança ou adolescente, evitando o encaminhamento para uma instituição. A família que acolhe, assume o papel de cuidado e proteção, enquanto a Família de Origem é assistida pela equipe técnica da rede de serviços, até que seja viabilizado a reintegração familiar.