Situada às margens do Rio Amazonas, a comunidade do Aritapera se destaca na produção de peças artesanais, a partir do fruto da cuieira (Crescentia Cujete). Denominada "Cuias do Aritapera", as peças já receberam várias denominações, como: "cuias pintadas", "cuias bordadas", mas as artesãs preferem que sua técnica seja identificada como "cuias rascunhadas".
A produção das peças tem como finalidade levar para mercado comercial produtos utilitários, objetos de decoração e acessórios, que estão expostas para comercialização na Loja do Aritapera, no Cristo Rei – Centro de Artesanato do Tapajós.
O trabalho de produção das "cuias rascunhadas" é desenvolvido pela Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém que agrega as comunidades de Cabeça D'Onça, Centro do Surubi-Açú, Enseada do Aritapera, Centro do Araitapera e Carapanatuba, comunidades que possuem características de várzea.
A produção das peças inicia com a escolha do fruto maduro da cuieira e a técnica de escolha é passar a unha no fruto e se não sair nenhuma película, esse está bom para "apanhar" (retirar o fruto da árvore), e depois de três dias, iniciar o processo de produção, que é feito totalmente artesanal. Passado os três dias começa o o serviço de modelar, que se caracteriza pela quebra do fruto, conforme a utilidade. Após a quebra é retirado o miolo (poupa, massa ou bucho), para levar a peça ao fogo em temperatura elevada, para modelar o produto que se quer produzir. Depois da modelagem, inicia o processo de raspagem com uma colher, no interior e por fora da peça. Na seqüência, com uma lâmina de aço, aplica-se outra raspagem, para fazer o lixamento, com a escama do pirarucu. Para que a peça fique preparada para receber o tingimento, é passada a folha de imbaúba (família das cecropiáceas) para que a peça fique bem lisa e polida, ficando em um lugar de sombra para secar.
O tingimento é feito de forma artesanal, com a casca do Axuazeiro (Cumatê), que é colocado em um recipiente limpo, com água limpa para que se solte a da casca, uma tinta vermelho-escuro, que se a casca estiver nova, leva cinco dias para a tinta se soltar da casca, mas se a casca estiver seca, leva-se 20 dias até para a conclusão do processo. Com um "porrete" (pedaço de madeira) ou um martelo, faz o trituramento da casca e volta a colocar no recipiente, e depois de dois dias e após isso, coloca-se o liquido em um recipiente de cerâmica (pote de barro), para enfim, passar para um recipiente de vidro, para o tingimento das peças.
Em um jirau (armação de madeira) para acomodar trinta peças, inicia-se o processo de tingimento. Com uma pena de galinha, que funciona como um pincel, de uma a uma as peças são tingidas, interna e externamente, com camadas até que fique no ponto certo. Após esse processo as peças ficam em descanso em uma "cama" preparada com terra, cinzas de madeira, salpicos de urina e coloca um pano fino em cima do material para que a tinta fique fixa na peça. Com a peças prontas inicia-se o processo de rascunhar os produtos, com traços geométricos com linhas retas, inclinadas, círculos, plantas, animais, dentre outros.
Os turistas e visitantes podem conhecer as variadas peças como cuias, fruteiras, taças, potes, travessas, arranjos decorativos, dentre outros. As peças que variam de R$ 3,00 (três reais) a peça de sobremesa, a R$ 35,00 (trinta e cinco reais) a fruteira.
O Cristo Rei - Centro de Artesanato do Tapajós está localizado na Avenida Barão do Rio Branco, 375, Centro.
Mais informações:
- Loja Aritapera – Lélia Almeida Maduro– 093 99132-0214