Casal Sidcley e Adna em plantação de pimentas que os alavancou no empreendedorismo. Foto: Agência Santarém. As atividades empreendedoras de produção artesanal crescem no município incentivadas pela Prefeitura de Santarém que apoia a atividade, qualifica os produtores e realiza eventos para exposição e comercialização dos produtos. Em janeiro de 2020, o governo municipal publicou um edital de chamamento público para selecionar interessados em ocupar os espaços do Cristo Rei, destinados para a venda dos produtos.
A iniciativa vem garantindo segurança jurídica para quem está produzindo e precisa de espaço para comercializar. À exemplo do casal Sidcley e Adna Matos, que transformaram os frutos das pimenteiras do quintal de casa em negócio e agora vendem no Terminal Fluvial Turístico e no Cristo Rei.
O cultivo de pimentas, antes um hobby, foi a oportunidade de manter a família perto e se transformar em empreendimento. “A gente ficava meses longe da família e longe um do outro. Eu estava trabalhando na Bahia e ela em Trombetas. Depois eu estava em Santarém e ela no Maranhão. Então, eu percebi que precisava de uma solução”, lembrou Sidcley Matos.
“Ele começou a plantar no quintal e encheu todo o espaço que nós tínhamos e era briga porque eu não entendia pra que tanta pimenta. Já não tinha mais área pra estender roupa e nem pra passar”, recorda a esposa.
Negócio de pimentas fabrica 2 mil produtos por mês. Foto: Agência Santarém. De tanto ouvir reclamação por causa das pimentas, o marido decidiu anunciar as mudas na internet que foram vendidas rapidamente.
O episódio fez Sidcley enxergar uma possibilidade de negócio no seu passatempo. Ele passou a cultivar as mudas para venda e a esposa a desenvolver receitas. Logo, o casal estava produzindo geleias, molhos, conservas e até cachaças artesanais.
Em abril de 2018, Adna e Sidcley deram um passo importante. Fizeram a primeira compra de embalagens e procuraram o apoio da Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur) para vender a produção.
"Fomos ao Cristo Rei apresentar nossos produtos e levamos degustação e uma semana depois a coordenação ligou pra gente dizendo que haveria um evento para os artesãos no Espaço Pérola e nós estávamos convidados”, lembrou Adna Picanço.
No espaço Pérola, o casal fez sua primeira exposição e se surpreendeu com o resultado. “Vendeu tanto que acabava tudo no dia e tinha que fazer tudo de novo a noite para vender no dia seguinte porque a gente não tinha tanto estoque. Nós ficamos muito empolgados. As pessoas vinham, falavam com a gente chamando pra fazer exposição em outros lugares e a gente se dividia e ia pra tentar mostrar e divulgar o nosso trabalho”.
O segundo convite para exposição em um evento não demorou muito. Dessa vez foi para a edição de 2018 do Festival Gastronômico Cozinha Tapajós. De novo, o estoque não foi suficiente para suprir a demanda. Os molhos agradaram o público do evento.
“Eu levava duas caixas de molho e voltava com as caixas vazias. Tinha que cozinhar o dia inteiro pra ter o produto pra vender na próxima noite. Foram os três dias do evento assim”, conta Sidcley.
Para se manter no mercado, os empreendedores buscaram qualificação e investiram na qualidade. "Nós sabemos que tem muita concorrência no mercado, mas os nossos produtos têm um diferencial. Não tem nenhum produto químico como conservantes e valorizamos o que a gente tem na Amazônia, como o cupuaçu, açaí, dedo de moça e castanha do Pará. Já vendemos para pessoas da China, Japão, Estados Unidos, Índia, Indonésia e outros países”.
O negócio está crescendo. As plantações de pimenta no quintal de casa e no sítio da família já não dão conta de abastecer a empresa, que passou a comprar a matéria-prima de produtores locais. E a pequena fábrica construída em um anexo da residência do casal agora emprega outros membros da família.
“Começou com a necessidade de estar junto da família e hoje a gente sente que está acontecendo isso. A gente está sempre perto da família. Cozinhar é trazer as pessoas pra perto de você. E o mais importante é que nós estamos nos divertindo. Somos felizes com o nosso trabalho”.
Atualmente, o negócio de pimentas fabrica 2 mil produtos por mês e já há tratativas para exportação. São molhos, geleias, conservas e cachaças, que, por enquanto, podem ser encontrados em restaurantes, padarias e lanchonetes da cidade. O casal também expõe em casa e nos espaços rotativos do Terminal Fluvial Turístico e do Cristo Rei.
Prefeitura valorizando e organizando a produção artesanal local
Além de apoiar a produção artesanal na cidade, ofertar cursos de qualificação e promover eventos, a Prefeitura realiza levantamentos para identificar atividades empreendedoras de produção artesanal nos bairros e comunidades, a fim de valorizar boas iniciativas, ofertando democraticamente oportunidade aos produtores interessados em expor e comercializar em espaços públicos destinados para esse tipo de trabalho.
Para o secretário municipal de Turismo, Diego Pinho, o apoio da Prefeitura amplia as possibilidades de negócio de micro e pequenos empreendedores. “Nós estamos democratizando espaços públicos e dando oportunidade para novos empreendedores. Há muitos negócios em Santarém com potencial pra crescer, mas o começo não é fácil. Quem está investindo e produzindo precisa desse apoio para conseguir se estabilizar. Por isso o governo municipal oferece ajuda", destacou.