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O místico e a religiosidade dos nativos na vila de Alter do Chão, em Santarém (PA), ficam mais evidentes com o Çairé. Realizado pela Comissão Organizadora do Çairé, com apoio do Governo do Estado do Pará, Prefeitura de Santarém e demais parceiros, o evento emocionou o público de aproximadamente 3 mil pessoas na manhã desta quinta-feira (21). A estimativa de pessoas foi informada pelo Comando de Policiamento Regional-1 (CPR-1).
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A essência do Çairé torna-se vivo quando se repetem os movimentos ritualísticos peculiares dos ancestrais santarenos, o povo Borari. "Na explicação de pesquisadores, o registro desse movimento foi presenciado por frades jesuítas no ano de 1659. O atual, aqui vivenciado, conta com a celebração da liturgia, a benção do Çairé, da busca dos troncos da Praia da Gurita, o hasteamento das bandeiras, a disputa amistosa entre homens e mulheres para ornamentar com folhagens, frutas, as bandeiras [do Juiz e da Juíza], e erguer os mastros. O adorno é demonstração de agradecimento a Deus Tupã pela fartura da colheita agrícola", explicou o coordenador da Comissão Organizadora do Çairé, Cleuton Sardinha.
O ritual religioso, essência do Çairé, desperta cada vez mais a curiosidade dos parentes indígenas, uma parceira do Movimento Indígena da Vila, com os índios (parentes), da etnia Munduruku. "Vieram compartilhar da nossa festa e trazer a exposição de artes em biojóias", afirmou Sardinha.
Muitos vieram pela primeira a vez com o propósito de certificar quanto à paisagem, a história da religiosidade e o folclore do Çairé. "Aqui é lindo, muito vi na internet sobre o Çairé, as estruturas de palha, tão nativos. Eu já viajei muito pelo Brasil, confirmo, esta festa é diferente do que presenciei. Todos estão de parabéns", destacou a médica aposentada de São Paulo (SP), Mônica Moreira.
O Çairé cresce nos noticiários nacionais e internacionais. Jornalistas da BBC, ingleses da cidade de Bristol, por meio da tradutora da equipe, Camia Cuelo, explicaram a participação no evento. "Estamos pela primeira vez em Alte do Chão, fomos muito bem recebidos, eu sou a brasileira no grupo, mas compartilho da novidade, a cultura é rica", afirmou.
O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, confirma o empenho para a valorização cultural do evento, totalmente local e regional. "O encanto, a emoção, tudo é muito fascinante, a nossa cultura e a fé nesta tradição. Quanto governo, mantemos compromisso em preservar a festa do Çairé. Que a cada ano possamos aumentar o número de turistas a prestigiar, com o valor cultural para Santarém vivenciada há mais de 300 anos", declarou.
Concluída a abertura oficial, o público foi convidado a prestigiar no palco da Praça do Çairé, a apresentação artística local, do grupo tradicional da Vila, o Espanta Cão, criado em 1973. Atualmente com 9 componentes no uso dos instrumentos: rabeca, marimba, banjo, violão, cavaquinho, caixa, pandeiro e sax. Dentro do reportório, a desfeiteira, Camelu, macucauá, marambiré, curimbó, marabaixo, são ritmos que vem da Folia do Çairé.
As apresentações artísticas culturais reiniciam às 18 horas com o Rito Religioso. Depois, no palco do Çairé, Nélson Vinencci e Walluc e, às 19h30, a abertura dos Portões do Lago do Botos. Na sequência, danças tradicionais e danças convidadas, o Show Guitarrada com Mestre Solano e a noite encerra com a Banda Quinta Dimensão.
Disputa do Botos - As duas entidades folclóricas, a Associação Folclórica Boto Cor de Rosa e o Grupo Sociocultural Boto Tucuxi, vão defender no sábado (23), respectivamente, os temas, "Arte do Som " e "A Expressão do Çairé". Serão avaliadas pelos jurados as apresentações de 16 itens de cada Boto:
a) Item 01 – Apresentador
b) Item 02 – Cantador
c) Item 03 – Rainha do Çairé
d) Item 04 – Cabocla Borari
e) Item 05 – Curandeiro
f) Item 06 – Rainha do Artesanato
g) Item 07 – Boto Homem Encantador
h) Item 08 – Boto Animal Evolução
i) Item 09 – Rainha do Lago Verde
j) Item 10 – Carimbó
k) Item 11 – Organização do Conjunto Folclórico
l) Item 12 – Alegorias
m) Item 13 – Letra e Música
n) Item 14 – Ritual
o) Item 15 – Torcida
p) Item 16 – Sedução
