"Pé à frente, mexe a cintura, pé atrás, mexe a cintura, gira, gira", assim orientava o mestre de carimbó, Chico Malta, ao público presente no "Projeto Arte do Carimbó", no Malocão do Parque da Cidade, no sábado (7). A atração foi o grupo Cumarú do Mestre Osmarino Cumaruara, da Vila de Alter do Chão e convidados. O evento foi marcado por um misto do educativo, dança e fomento ao empreendedorismo cultural.
O evento já faz parte da agenda da população e encanta a todas as idades, desde crianças a idosos. "Os meus sábados ganharam mais alegria. Amanhece o dia eu digo a minha filha: Hoje é dia de carimbó, eu quero ir de novo, e ela atende o meu pedido. Aqui relembro o passado das festas folclóricas com esta dança tão animada, o carimbó", destacou a aposentada, Delmira Sousa de 82 anos.
O representante de laboratório farmacêutico, Júlio Texeira de 56 anos, participou do Projeto pela segunda vez e disse que o mesmo é a representatividade da cultura paraense. "A Prefeitura de Santarém e o Movimento de Carimbó foram felizes nessa parceira. Esse entretenimento educativo é saudável para toda a família. Esse é o ritmo da nossa raiz cultural. Aqui, quem não conhece vai tomar gosto e quem já conhece vai gostar ainda mais. Assim como eu que conheço e estou aqui para melhorar os passos da dança. Eu trouxe a esposa, a filha e a neta. O carimbó traz alegria e melhora o físico", disse Teixeira.
Para o secretário municipal de cultura, Luis Alberto Figueira, o Projeto valoriza os grupos musicais do carimbó e os evidencia trazendo enorme ganho cultural a população santarena, principalmente a arte da identidade dos paraenses. "Essa parceria traz ainda mais visibilidade ao carimbó tanto nas vertentes educativas e de entretenimento quanto na possiblidade de geração de renda. Nosso Projeto é um sucesso, a gosto de diferentes faixas etárias", afirmou o titular da pasta da cultura no município.
Sobre o Grupo de Carimbó Cumarú da Vila de Alter do Chão (Santarém-PA)
O grupo existe há três anos na Vila de Alter do Chão, Santarém (PA). Alguns integrantes são do balneário e outros da capital paraense. Possuem músicas autorais. "A percussão sempre ritmada pelo uso dos instrumentos, as maracás, os curimbós, o reco-reco, toque-toque e o banjo. O grupo fabrica os próprios instrumentos. Aqui no Parque da Cidade promovemos uma grande festa do carimbó com os convidados. Uma festa de conhecimento teórico e prático dessa arte", especificou o coordenador e vocalista do grupo Cumarú, Mestre de Carimbó Osmarino Cumaruara, de 63 anos, genuinamente do ritmo do carimbó de raiz.
Cumaru é uma árvore típica da Amazônia, com fins medicinais. Quando morta de forma natural uma das utilidades do tronco é confeccionar o tambor de percussão, o chamado curimbó.
O carimbó é patrimônio cultural e imaterial brasileiro.
Empreendedorismo Cultural
Sandra Moreno e Adailson RodriguesO Projeto "Arte do Carimbó" também oportuniza espaço ao empreendedorismo cultural, a exemplo do casal de dançarinos, Sandra Moreno, espanhola e Adailson Rodrigues, santareno, oriundo da comunidade de Nova Vista da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós/Arapiuns.
Eles, além de cônjuges e dançarinos de carimbó, são figurinistas da Grife "Sandrinho Arte e Costura". Acreditaram no empreendedorismo cultural desde 2016, por conta da participação de eventos na Vila de Alter do Chão, quando dançaram para a Rainha do Carimbó xamegado, Dona Onete. Foram então, procurados pelo público quanto a venda do vestuário e acessórios.
Sandra Moreno e Adailson Rodrigues"O retorno das primeiras vendas foi surpreendente. Foi necessário, portanto a identificação da nossa criação, dando origem a grife 'Sandrinho Arte e Costura'. Confeccionamos saiões temáticos, blusas com estampas floridas ou com apliques regionais e flores do cabelo voltado ao público feminino. "Já para os homens temos os chapéus de palha ornamentados, a calça meia perna, a camisa e chapéus com acessórios", explicou Rodrigues.
Em média, o conjunto das roupas e acessórios são vendidos pelo valor de R$ 200 a R$ 250 reais. As vendas são locais, regionais e internacionais como Austrália, Argentina e Colômbia. Rodrigues diz sentir-se realizado com o retorno da valorização das roupas e acessórios. "As matérias-primas usadas são da região, das comunidades interioranas e o tecido do é oriundo do comércio santareno e da região", destacou o dançarino e figurinista.
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