Foi realizada nesta terça-feira (11) no auditório da Escola de Artes Professor Emir Hermes Bemerguy, a abertura da Semana da Consciência Negra. Na oportunidade, os pedagogos da rede municipal puderam refletir e discutir as práticas educativas exitosas que têm sido desenvolvidas dentro das escolas e dos Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI's), buscando fortalecer a formação e o compromisso dos educadores com a promoção da igualdade étnico-racial no ambiente escolar.
Mais do que um evento em alusão ao dia 20 de Novembro - quando é celebrado o Dia da Conciência Negra, a ideia do encontro ocorreu no sentido de reconhecer e disseminar as boas práticas que têm dado resultado com as crianças. Na programação, a exposição dos projetos premiados do 'Educador e Educadora Antirracista 2025', palestras e a apresentação cultural dos alunos do berçário da CEMEI Antônia Corrêa e Sousa, do bairro Santo André.

Vânia Barroso, coordenadora da Assessoria de Ensino da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e organizadora do evento, ressaltou que as ações em respeito e valorização da temática devem ser realizadas o ano inteiro, não somente no mês de novembro.
"Estamos aqui, hoje, para constatar que as nossas unidades educacionais têm desenvolvido com os alunos, projetos que contribuem para a formação dessas crianças. É importante que eles aprendam, o quanto antes, a não fazerem distinção por conta da cor da pele. Infelizmente, na nossa sociedade, ainda há o racismo, e as crianças, se não forem ensinadas, acabam por repetir os maus atos", pontuou.

Durante o encontro, as iniciativas premiadas pelo 'Educador e Educadora Antirracista 2025' foram reconhecidas. O prêmio é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa em Literatura, História e Cultura Africana, Afro-brasileira, Afro-Amazônica e Quilombola (Afroliq), vinculado ao Instituto de Ciências da Educação (Iced) da Ufopa.
Este ano, o prêmio teve 14 projetos inscritos; Santarém teve quatro projetos premiados, todos desenvolvidos em CEMEI's e escolas da rede municipal:
- 2º lugar - CEMEI Profª Maria Raimunda Pereira de Sousa, da Nova República - projeto 'Tecendo saberes, trançando diversidade';
- 3º lugar - Escola Municipal Nossa Senhora do Livramento, do Quilombo Saracura - projeto 'A educação antirracista na rotina escolar';
- 4º lugar - CEMEI Nasaré do Socorro Ramos Rodrigues, do bairro Ipanema - projeto 'Mãos que semeiam: a literatura infantil antirracista como caminho pedagógico no educar para as relações raciais na primeira infância';
- 5º lugar - CEMEI Antônia Corrêa e Sousa, do bairro Santo André - projeto 'Vivências e ancestralidade a partir de narrativas das literaturas antirracistas na primeira infância'.

Vilma Pompermaier, representante do projeto Kiriku e do AFROLIQ, destacou que as trocas e aprendizados compartilhados, fortalecem o compromisso com uma educação antirracista, transformadora e humana.
"As afrotecas [instaladas nas CEMEI's] atuam como uma política pública eficiente, sendo uma necessidade educacional histórica e estrutural, mas essencialmente, precisamos romper com o paradigma do 20 de novembro, visto que somente por ocasião desta data é que ocorrem ações voltadas para o tema. O evento de hoje, faz essa chamada, para que atentemos para isso, trabalhando a educação antirracista durante todo o ano em nossas escolas", concluiu.
A "lei antirracista" na escola refere-se às Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e indígena em todos os níveis da educação básica. A Lei 10.639/2003, promulgada em 2003, estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, enquanto a Lei 11.645/2008, de 2008, ampliou essa obrigatoriedade para incluir a história e cultura dos povos indígenas. O objetivo é construir uma educação mais inclusiva, multicultural e antirracista, garantindo o respeito à diversidade e à humanidade de crianças e adolescentes negros e indígenas.
Autor:
Ronaldo Ferreira/ CCOM