Como parte da programação oficial dos 364 anos de Santarém, a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SEMC), promoveu nos dias 12 e 14 de junho um guiamento cultural gratuito voltado à valorização do patrimônio histórico, artístico, arquitetônico, geológico, etnográfico e natural da cidade. A ação reuniu alunos da rede pública de ensino, pesquisadores, professores e a comunidade interessada em uma verdadeira imersão na história santarena.
No dia 12 de junho, a atividade aconteceu no Centro Histórico de Santarém, com uma aula pública ao ar livre, de aproximadamente quatro horas. O percurso contemplou alguns dos pontos mais emblemáticos da cidade, como a Praça Rodrigues dos Santos, o Complexo da Praça Monsenhor José Gregório - que abriga a tradicional "Praça da Matriz" e a Catedral Metropolitana, o Museu de Arte Sacra, além de prédios históricos como o Solar dos Brancos, Solar dos Campos, Solar do Barão de São Nicolau, Casa do Maestro Wilson Fonseca, Praça do Pescador, Praça Barão de Santarém e o Centro Cultural João Fona.
Já no sábado, 14 de junho, o foco se voltou ao Cemitério Nossa Senhora dos Mártires, que sediou a aula pública “Silêncio que fala: memória e patrimônio no cemitério de Santarém”. O guiamento percorreu sepulturas de personalidades que marcaram a história do município, contextualizando suas trajetórias e os aspectos arquitetônicos e artísticos dos mausoléus. Considerado um verdadeiro museu a céu aberto, o espaço foi analisado sob uma perspectiva interdisciplinar, envolvendo história, filosofia, turismo e antropologia.
Os estudantes da Escola Madre Imaculada, localizada no bairro Prainha, também estiveram nessa imersão. A ideia é que, a partir do guiamento, sejam desenvolvidos projetos escolares voltados à preservação da memória e à valorização do patrimônio local.
Para a arquiteta Ceci Sussuarana, integrante do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico de Santarém, o projeto promove uma reflexão profunda sobre o tempo e a identidade.
“São dois momentos distintos, mas que se cruzam em um mesmo eixo: a memória e a identidade de um povo. No Centro Histórico, percorremos espaços que revelam o tempo nas paredes. Edificações antigas ao lado das modernas, contando a evolução da cidade. Já no cemitério, os túmulos também narram essa transformação, tanto nos estilos, quanto nos símbolos. Envolver os alunos nesse processo é semear pertencimento. É fazer com que reconheçam sua história e sintam que Santarém também é deles", contou.
O historiador e professor Alenilson Ribeiro, que acompanhou os estudantes durante o guiamento, reforçou o papel da educação no fortalecimento do pertencimento.
“Esses espaços são memória viva de Santarém. Quando uma escola participa desse movimento, os alunos começam a reconhecer sua própria história. É pela educação que transformamos realidades. Entendendo o que os nossos ancestrais construíram e refletindo sobre o que ainda podemos construir. O cemitério, por exemplo, guarda histórias comoventes, símbolos e frases que emocionam. É um espaço cultural que precisa ser ressignificado. Precisamos aprender a olhar para Santarém com consciência e pertencimento coletivo.”
Para Mourramberth Flexa, o guiamento proporcionou uma vivência intensa e transformadora.
“Foram duas experiências diferentes, mas unidas por um mesmo eixo: o patrimônio. No Centro Histórico, exploramos edificações que revelam dimensões artísticas, geológicas, arquitetônicas e naturais da cidade. Já no cemitério, refletimos sobre a última morada. Onde esculturas, estilos de túmulos e simbologias contam, silenciosamente, a nossa história. Esse espaço guarda sepulturas barrocas, arte tumular e uma igreja que integra um acervo histórico e cultural riquíssimo. Nosso propósito é mostrar que cada canto de Santarém guarda vestígios de quem fomos e pistas vivas de quem ainda somos”, disse o guia do projeto.
A iniciativa da SEMC integra também a agenda de formação patrimonial do município e busca não apenas exaltar o passado, mas estimular a juventude a reconhecer e cuidar do que é seu. Ao conectar a população com seus símbolos e marcos históricos, Santarém reafirma o compromisso com a preservação da memória coletiva e o fortalecimento do sentimento de pertencimento.