Ontem, domingo, 15, o calçadão da orla de Santarém, nas proximidades da Praça Tiradentes, foi palco da 3ª edição do Batuque Santareno, uma roda cultural que já se firma como movimento de resistência, celebração e valorização do carimbó como expressão tradicional genuinamente santarena.
Promovido pelo movimento de carimbó, o Batuque Santareno tem apoio da Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc). O evento reuniu grupos culturais, músicos e representantes da cena artística da cidade, que tomaram o espaço público com música, dança e ancestralidade. A proposta é clara: levar o carimbó, patrimônio cultural imaterial do Brasil, para as ruas e praças do centro urbano de Santarém.
Para o coordenador de eventos da Semc, Francisco Vera Paz, o carimbó está retomando seu lugar de origem.
"Entendemos que o carimbó vem retomando um espaço que sempre foi seu, como as ruas, as praças públicas e locais de circulação social. E essa retomada que o Batuque Santareno promove mostra que o carimbó não é um ritmo restrito a Alter do Chão. Ele está aqui, no núcleo urbano da cidade, trazendo sua musicalidade, sua poesia e sua expressão cultural. A terceira edição já mostra um público que procura o evento, o que indica que ele pode e deve se consolidar no nosso calendário cultural".
Idealizador do movimento Batuque Santareno, Andrew expressou a emoção de ver a roda ganhando vida diante da cidade.
"É uma alegria imensa ver essa roda acontecendo, ainda mais sabendo que já chegamos à terceira edição. Isso que a gente vive hoje era um sonho antigo e agora tá acontecendo, aqui mesmo, na praça, na orla, no coração da cidade. É bonito demais ver as pessoas se conectando, trocando experiências, aprendendo umas com as outras. Está nascendo um movimento de verdade, cheio de encontros e possibilidades".
A edição contou com a participação especial do Grupo Amigos do Curimba, grupo religioso-cultural que vem ganhando visibilidade na cena local. Maria Lizângela Figueiredo, integrante e cofundadora do grupo, compartilhou como a iniciativa surgiu e sua importância.
"O grupo nasceu de um projeto guardado, que ganhou vida em um encontro entre amigos. Hoje, é gratificante ver que a cultura está recebendo mais atenção. Precisávamos dessa visibilidade. Não só o nosso grupo, mas todos os que trabalham com cultura de base. Está sendo muito bom".
Leandro Matos, vice-presidente dos Amigos do Curimba, reforçou a importância de ocupar espaços públicos com fé, cultura e verdade.
“Há muito tempo precisávamos dessa voz. A gente leva nossa cultura, nosso credo, com dignidade. Mostrar para as pessoas que a nossa fé também tem direito de existir, de se expressar. Estamos aqui ajudando a agregar, a construir esse espaço de respeito".
Entre as apresentações musicais, esteve Carlos Riqueza, músico santareno que integra também o coletivo Samba Tuque e agora abraça a causa do carimbó de rua.
"Sempre tive vontade de fazer um movimento assim. Vim porque acredito nessa cultura, porque adoro o carimbó, essa forma de se expressar tão nossa. E o Batuque Santareno representa isso. É identidade e força cultural".
A Secretaria Municipal de Cultura tem mapeado esses movimentos que surgem a partir da cultura popular.
“São movimentos genuínos e que precisam do apoio institucional, que é um direito. Levar essa cultura às praças e lugares públicos, fortalece o direito ao acesso à cultura, democratização da cultura do nosso município”, destaca Priscila Castro, titular da Semc.
A Prefeitura reforça seu compromisso em seguir fortalecendo manifestações culturais que nascem do povo e retornam ao povo. O Batuque Santareno é um chamado coletivo para reconhecer, preservar e celebrar o que Santarém tem de mais autêntico.