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Espetáculo “Auto dos Botos” festeja os 264 anos de Alter do Chão Autor: Agência Santarém

Espetáculo “Auto dos Botos” festeja os 264 anos de Alter do Chão

Neysle Magalhães
Publicado em - Atualizado
O evento reuniu fazedores de cultura, brincantes e autoridades, no barracão do Boto Cor de Rosa

Música e dança tomaram conta da vila balneária de Alter do Chão, em Santarém. Na noite deste sábado, 5, o espetáculo “Auto dos Botos” reuniu fazedores de cultura, brincantes e autoridades, no barracão do Boto Cor de Rosa. 

 

 

O espetáculo, idealizado por Elida Menezes, foi contemplado pela Lei Semear, um Programa Estadual de Incentivo à Cultura, criado para promover e estimular a produção e difusão cultural e artística.

 

Legenda da Foto: Tucuxi trouxe itens e indumentárias em cores vibrantes. 

 

Para a idealizadora, esse é um momento de muita alegria. “O projeto surgiu com o objetivo de incentivar a nossa cultura, e a gente foi agraciado pela lei semear que é um instrumento importantíssimo do nosso estado. O projeto é o Çairé 2021, ele foi contemplado e deveria ter sido inserido no Çairé no ano de 2021, que por motivos da pandemia não aconteceu. A gente lutou pra ser realizado, porque a classe da cultura, tanto os fazedores, quantos artistas, todos foram “esmagados” pela pandemia, então a gente precisava dar um gás pra galera que estava sem trabalhar há dois anos”, disse Elida. 

 

A programação fez parte da celebração em homenagem ao aniversário de 264 anos da Vila balneária de Alter do Chão, comemorado neste domingo, 6. 

 

Diferente de 2019, quando foi realizado o último Çairé, este ano não houve disputa entre os botos e os itens também foram ajustados para o momento. Tucuxi e Cor de Rosa dividiram o mesmo palco e celebraram a vida, a cultura e a possibilidade do Çairé 2022, em setembro. 

 

“Esse é o resgate da cultura local, entre o Tucuxi e Cor de Rosa. A rivalidade hoje não é pra hoje, é pra setembro. A pandemia deixou muita gente parado e sofrendo, então essa festa é um levantamento”, disse Miguel Wanghan, Presidente do Cor de Rosa. 

 

Legenda da foto: Flávia Manuela, Rainha do Lago Verde do boto Cor de Rosa. 


A história também teve uma outra condução. O Boto Tucuxi, o primeiro a se apresentar, destacou a cultura indígena Borari, suas raízes, sua ancestralidade e sua relação fiel com a lua.  Com o tema "O Filho de Iaci", o boto trouxe figurinos e elementos em laranja e verde e apresentações com curandeiro, mãe natureza, guerreira Coia - representando as Icamiabas -, Maria Moaçara, Rainha do Çairé e a tradicional Lenda dos Botos, trazendo a cabocla, o boto homem e boto animal, distribuindo beleza e encanto. 

 

“Nós estamos aqui para apresentar o Auto dos Botos. O Auto dos Botos é realmente uma coisa inédita, uma apresentação inédita, um espetáculo inédito, cheio dessa miscigenação. E esse ano nós inovamos e vamos fazer essa parte da introdução dos dois botos. Exatamente para mostrar que há uma resistência da nossa cultura diante dessa pandemia, que nós vivemos uma resistência em mostrar que nós devemos sempre manter a nossa história, a nossa cultura, diante de todas as incapacidades humanas”, contou Edilberto Ferreira, Presidente do Boto Tucuxi.

 

Legenda da foto: Curandeiro, Neto Simões, durante sua evolução. 

 

Já o Cor de Rosa, destacou a importância da fé Borari e trouxe itens do verdadeiro Çairé, como a arca que representa o Divino Espírito Santo, mastros, juízes e juízas e, destacando a parte a cabocla, os itens do festival folclórico do Çairé. Com o tema “A Lenda Viva da Amazônia", uma criança, chamada de “Pequena Paty” ouvia atenta a contação, demostrando a necessidade de passar a cultura de geração em geração. 

 

O Cor de Rosa também trouxe cabocla, boto homem e boto animal, curandeiro, rainha do artesanato, rainha do Çairé, rainha do Lago Verde, além de um belíssimo bailado de Carimbó. 

 

Para Maria Eulália, rainha do Çairé do Cor de Rosa, esse foi um momento de muita expectativa e emoção. “O coração fica muito quente, porque a gente está voltando a viver o que a gente deixou de viver por alguns anos. Trazer isso de volta é muito importante e reafirmar que somos resistência, que estamos aqui sim disputando pela cultura, com o boto avesso e o boto cor de rosa que vem hoje representar o imaginário Caboclo o que nós temos e o que nós esperamos dos nossos encantados. Acreditando e sempre vibrando com isso. Supondo também que a nossa cultura uma cultura rica e tudo que a gente tem a oferecer aqui é válido e cheio de importância”, disse Maria. 

Legenda da foto: Maria Eulalia, Rainha do Çairé do boto Cor de Rosa. 

Não faltaram cores, animação e energia. Emoção para todos os lados. Para Valentina Coimbra, rainha do Çairé do Tucuxi desde 2017, cada oportunidade de viver o festival é única. “A apresentação de hoje foi muito especial porque deu pra matar um pouquinho a saudade do Çairé.  É muito especial estar aqui de novo, levando nossa cultura do mundo, então estou muito feliz de estar aqui matando a saudade e eu sei que tem muita gente com saudade do nosso festival” contou. 

Legenda da foto: Valentina Coimbra, Rainha do Çairé do boto Tucuxi. 


A estreante Flávia Manuela também dividiu o nervosismo e entusiasmo. “Hoje eu estou tendo duas emoções a primeira é a volta do Çairé,e a segunda é a realização de um sonho que é a primeira vez que eu estou me apresentando e a expectativa muito grande” explicou. 

 

Para a Secretária de Cultura do Estado, Ursula Vidal, poder proporcionar vivências como essa é um dever que está sendo cumprido neste governo. “Estamos muito felizes. Estávamos com saudades dos nossos botos Tucuxi e Cor de Rosa, neste lugar, neste território Borari, tão rico em ancestralidade, nesse Çairé que mistura essa referência de uma crença histórica, centenária muito rica. No ponto de vista, não falamos só do fortalecimento nossa cultura amazônica mas também no nosso turismo. O turista quando busca a Amazônia, quando busca Alter do Chão, que é um dos destinos mais procurados dentro do Brasil, ele quer ter essa experiência da Amazônia, nesse formato de hoje. O governo do Estado fica muito feliz em ser um parceiro da cultura, levando a cultura que é o importante motor do desenvolvimento social e das ações de cidadania” ressaltou. 

 

Na ocasião, o Secretário de Cultura e também administrador da Vila de Alter do Chão, Luiz Alberto Pixica, representou o Prefeito Nélio Aguiar e ressaltou a relevância deste evento e do Çairé. 

 

“O Auto dos Botos é um evento que veio pra ficar. É a valorização da cultura Borari.  A prefeitura de Santarém jamais deixará de apoiar e fomentar a cultura local. É importante dizer que este evento é uma prévia ainda do que virá, se Deus quiser, no Çairé em setembro. Temos a plena convicção de que este evento é uma realidade. A gente está aí mantendo essa cultura, estamos aí incentivando o povo Borari a mostrar sua cultura. Jamais deixar morrer, essa é a nossa finalidade, essa é nossa intenção” reafirmou.  

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