O Núcleo Técnico de Alimentação Escolar (NAE), da Secretaria Municipal de Educação (Semed), esteve representado na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), realizada em Belém (PA) desde o último dia 10. Na ocasião, os trabalhos desenvolvidos pelo setor foram reconhecidos e expostos em painéis do evento, por meio da coordenadora do NAE, Vanda Maia.
A servidora foi convidada pelo Instituto Comida do Amanhã para participar do side-event “A Taste of the Amazon: Mobilizing Transformative Action on Food, Climate and Nature at COP 30” (Uma Prova da Amazônia: Mobilizando Ação Transformativa sobre Alimentos, Clima e Natureza na COP 30), no dia 11, e também nos dias 12 e 13, respectivamente, na “Mesa da COP30: celebrando a entrada de alimentos agroecológicos na Conferência do Clima” e “Políticas alimentares locais e enfrentamento à crise climática: o papel das cidades do Sul Global”, considerando sua trajetória com sistemas alimentares saudáveis, em especial na aquisição e promoção da alimentação escolar, na perspectiva de atuação no município, e a experiência do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar em Santarém, com o desafio de realizar as compras de produtos fornecidos por agricultores familiares, com o intuito de demonstrar e servir de inspiração para outras cidades, no contexto das políticas de segurança alimentar e nutricional, visto que as produções em grande quantidade, como as adquiridas por Santarém, são impactadas diretamente pelas mudanças climáticas.

“Nossa maior dificuldade hoje é garantir as quantidades necessárias para abastecer a rede, a maior rede de alimentação escolar do Estado, que depende totalmente do que a natureza dá. Considerando que, se chover demais, a produção se perde, e se não chover também prejudica a produção; então nós, enquanto Semed, precisamos adaptar os cardápios de acordo com essa oferta. O convite veio como uma oportunidade de compartilhar as nossas vivências e conhecer mais sobre a diversidade que temos aqui e como se trabalha a mobilização como ação transformativa sobre os alimentos, o clima e a natureza; o que nós temos feito enquanto Secretaria de Educação para alavancar os sistemas de alimentação saudável e eficiente, em especial, já que no município trabalhamos diretamente com as produções de povos e comunidades tradicionais, sempre pensando na implementação e no aprimoramento das políticas públicas de segurança alimentar e nutricional, considerando as condições climáticas de uma cidade localizada no interior da Amazônia”, contou Vanda.
Dentro do Instituto Comida do Amanhã funciona o Luppa – Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares, que atua como ferramenta para apoiar cidades a alcançarem sistemas alimentares saudáveis para as pessoas e para o planeta; é uma plataforma colaborativa na qual as cidades conseguem compartilhar suas experiências. Em contrapartida, o Luppa auxilia os municípios, colocando a alimentação como centro das políticas governamentais. Santarém é uma das cidades que integram o Luppa e tem trabalhado de forma intersetorial, fazendo com que o acesso das pessoas à alimentação saudável seja facilitado.

A rede municipal alimenta, diariamente, mais de 83 mil alunos matriculados em escolas municipais e estaduais, localizadas nas regiões urbana, de planalto e de rios. A Semed tem realizado práticas no sentido de ampliar as ações que favorecem o desenvolvimento sustentável dentro dos territórios, com a inclusão de produção orgânica, grupos de mulheres, produtoras da região de rios, e, em breve, também haverá a chamada pública — que será feita em forma de edital — para que povos e comunidades tradicionais forneçam produtos.
“Foram momentos riquíssimos! É muito importante, muito bom ver que as boas práticas desenvolvidas em nosso município têm sido reconhecidas! Esses desafios chegam para somar aos resultados obtidos em equipe. Temos trabalhado muito para retirar totalmente os produtos processados e ultraprocessados das mesas das crianças. Então, o que ocorre é a valorização da alimentação natural, claro, sempre pensando nas condições climáticas e no modo como o campo produz, pois tudo impacta diretamente na produção e, consequentemente, na chegada dos alimentos aos alunos”, disse Vanda.

A coordenadora ressalta que, na região de várzea, por exemplo, onde acontece a cheia e a vazante do rio, de seis em seis meses, essa “peculiaridade” faz com que muita produção se perca, tornando ainda mais importante a presença de iniciativas como o PNAE, já que o produtor se vê obrigado a se adaptar para garantir a produção e o posterior escoamento.
“Santarém tem desenvolvido bastante a questão da conscientização acerca da preservação ambiental, que reflete na alimentação escolar. Prova disso é a recente instalação de placas solares em escolas da região do Tapajós, que permite uma energia firme e sustentável, beneficiando a comunidade como um todo, proporcionando a conservação da água e permitindo o envio das proteínas, ou seja, mais qualidade na alimentação das crianças. Funciona da seguinte forma: produção de alimentos somada à forma de produção, ao clima e ao meio ambiente, o que resulta em produtos de qualidade que chegam até as escolas por meio do PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] e do PNAE, que atuam para ofertar segurança alimentar à população”, concluiu.
Autor:
Arquivo Pessoal/ NAE SEMED