A tecnologia por meio da telemedicina está revolucionando a assistência, permitindo troca de experiências entre a equipe multiprofissional com atendimentos à distância via internet. O Hospital Municipal de Santarém Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS) foi selecionado para participar do projeto Telescope Trial II, conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS).
Na quarta-feira, 28, dois profissionais do projeto, Dra. Daiane Vieira Seger e o Enfermeiro Intensivista Matheus Eduardo dos Santos, visitaram o HMS para apresentar o projeto às lideranças e orientar quanto a dinâmica de funcionamento. O objetivo do projeto é contribuir com intervenções via telemedicina, visando reduzir o tempo de permanência do paciente internado na Unidade de Terapia Intensiva, buscando aprimorar a qualidade do atendimento. Esta visita marca o início das atividades relacionadas ao estudo, que estão em andamento desde janeiro de 2024 para a inclusão do HMS no Telescope II.
"Viemos para compartilhar a experiência do projeto com a equipe que trabalhará conosco e com as lideranças locais. Através da parceria do HIAE e do MS, tornou-se possível testar a hipótese de que essa troca de conhecimento é capaz de diminuir o tempo de permanência dos pacientes nas UTI's. Acreditamos que a tele UTI é capaz de reduzir as diferenças e, por meio dela, levar expertise e experiências dos grandes centros a qualquer lugar, através da internet”, destacou a Dra. Daiane Vieira Seger, coordenadora da Tele UTI do Hospital Albert Einstein.
O projeto propõe trazer especialistas do HIAE via telemedicina para colaborar com as equipes locais, promovendo uma troca de conhecimentos e experiências.
"Diariamente, na UTI, ocorrerão visitas à beira do leito com a equipe multiprofissional composta pela equipe médica, fisioterapia, enfermagem, farmácia clínica, bem como da equipe multiprofissional do HIAE para discussão de casos clínicos, avaliação dos pacientes e tomada de decisão conjunta sobre a condução do caso do paciente, por meio de telemedicina. Tudo isso com apoio e acompanhamento da equipe de gestão Einstein que trabalhará junto a gestão local dos hospitais envolvidos no projeto”, enfatizou a Dra. Daiane.
Para a responsável técnica da UTI do HMS, Dra. Lívia Corrêa e Castro, a iniciativa vai aprimorar o atendimento.
"A maior expectativa é melhorar a qualidade técnica dos nossos profissionais como equipe multidisciplinar, pois melhorando a capacidade técnica, melhoramos a assistência e o atendimento dos nossos pacientes que precisam de UTI”, relatou.
Sobre o Telescope II
Segundo a Dra. Daiane, o Telescope II nasceu de um esforço colaborativo em parceria com o Ministério da Saúde para superar a crítica escassez de profissionais especializados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Brasil, especialmente concentrada na região Sudeste, visando não apenas melhorar a gestão de casos clínicos, mas, também, contribuir para a formação contínua dos profissionais de saúde.
Entendendo a importância do compartilhamento de decisões clínicas e da condução adequada dos casos dos pacientes, os idealizadores do projeto acreditam na redução do tempo de internação, um fator crítico no contexto do SUS.
Para tanto, será empregado um modelo de intervenção que inclui a participação ativa dos hospitais, já a partir da coleta inicial dos dados. O enfermeiro intensivista Matheus Eduardo explicou sobre o fluxo de implementação do projeto no HMS.
"A coleta de dados iniciou no dia 08 de janeiro deste ano e se entenderá durante todo o andamento do estudo, com um prazo estimado de 25 meses corridos. O período de intervenção por sua vez, terá início com os 5 primeiros hospitais randomizados a partir do mês de abril deste ano, e a randomização geral tem a programação de acontecer ainda em março deste ano. A randomização acontece no formato cluster, em que todos hospitais participantes do estudo, receberão as intervenções em algum momento, com um tempo mínimo de 6 meses. Desta forma, a partir de abril, em que os primeiros 5 hospitais já receberão as intervenções, a cada 5 meses sucessivos mais 5 novos hospitais entram no período de intervenção”, destacou.
O projeto propõe uma abordagem multifacetada que consiste em três pilares: intervenções práticas multidisciplinares a beira leito, visitas médicas diárias e gestão remota de UTI guiada por indicadores. Esses pilares serão testados em um contexto randomizado, controlado, duplo-cego e multicêntrico, garantindo a integridade e confiabilidade dos dados obtidos.
A iniciativa, que se estenderá ao longo de 2024 e 2025 com métodos planejados até 2026, promete ser um marco na saúde pública brasileira, potencialmente estabelecendo novos padrões para a formação e prática médica no manejo dos pacientes de terapia intensiva.