A chegada do inverno amazônico, período marcado por elevada umidade e mudanças climáticas, tem reflexo direto no aumento dos casos de síndromes gripais e sintomas respiratórios. Em Santarém, os serviços de urgência da rede municipal já contabilizam 9.020 atendimentos entre janeiro e novembro de 2025. Os números foram levantados pelos setores epidemiológicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas e do Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS), que mantêm monitoramento regular desses agravos.
Na UPA, foram registrados 5.563 atendimentos no período, considerando exclusivamente os casos classificados como síndromes gripais sem etiologia definida. O início do ano apresentou menor circulação viral, com 388 registros em janeiro, 319 em fevereiro e 281 em março. A curva de atendimentos começou a subir em abril, com 350 casos, e ganhou força nos meses seguintes: maio totalizou 643 atendimentos, junho registrou 595, julho somou 723, agosto alcançou 839 e setembro teve 759 casos. Em outubro, houve redução para 368 registros, seguida de 243 em novembro, mantendo ainda um volume expressivo em razão do comportamento sazonal.
No Hospital Municipal, os atendimentos por sintomas respiratórios também foram significativos, somando 3.457 registros ao longo do ano. Foram contabilizados 154 casos em janeiro, 224 em fevereiro, 289 em março e 437 em abril. A tendência de alta se manteve em maio, com 406 atendimentos, e estabilizou nos meses seguintes: junho teve 302 casos, julho somou 313, agosto registrou 394, setembro contou 197, outubro teve 191 e novembro fechou o período com 240 ocorrências. Os dados incluem quadros de síndromes gripais, síndromes por vírus específicos e notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Para o infectologista João Assy, a variação está diretamente relacionada às características climáticas da região. Segundo ele, “Nesta época do ano, há uma maior circulação de vírus respiratórios e, naturalmente, mais procura pelos serviços de saúde. Por isso, a vacinação é fundamental. A vacina contra a gripe reduz complicações, internações e mortes, especialmente em idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas”. O médico também reforça a importância de procurar atendimento diante de sinais como febre persistente, dificuldade para respirar, cansaço extremo ou piora do estado geral. “A UPA e o Hospital Municipal estão preparados para atender esses quadros e orientar os pacientes”, observou.
Além da vacinação, o especialista destaca que cuidados simples contribuem para reduzir a disseminação, como a higienização constante das mãos, ventilação dos ambientes, uso de máscara em caso de sintomas e atenção especial às pessoas mais vulneráveis. “São medidas simples, mas que protegem quem está ao nosso redor. No inverno amazônico, elas se tornam ainda mais importantes”, conclui.
O especialista reforça, ainda, que as unidades básicas de saúde contam com equipes multiprofissionais e suporte para os casos de menor complexidade, garantindo assistência contínua à população neste período de maior circulação viral na região.
Autor:
Andria Almeida/ CCOM