Em um momento marcado por emoção e celebração, seis peixes-bois retornaram ao habitat natural nesta quarta-feira (16), na comunidade Igarapé do Costa, região ribeirinha próxima a Santarém. A soltura representa a etapa final do projeto de conservação e reabilitação da espécie, coordenado pelo ZooUnama, com apoio da Prefeitura de Santarém e de órgãos ambientais parceiros. A ação foi acompanhada por moradores, pesquisadores e instituições envolvidas, simbolizando anos de dedicação à preservação da fauna amazônica.
A escolha da comunidade Igarapé do Costa não foi aleatória. O local reúne condições ambientais ideais para a reintegração dos animais, como abundância de alimento natural, presença de vegetação aquática, ocorrência de peixes-bois nativos e, principalmente, uma população engajada com a causa ambiental. Eric Ribeiro, presidente da comunidade, ressaltou o envolvimento dos moradores ao longo da última década.
“O impacto positivo para a nossa comunidade é saber que estamos contribuindo para o resgate de uma espécie ameaçada de extinção. Ficamos muito felizes em fazer parte desse projeto, que está presente aqui há mais de dez anos. Trabalhamos em parceria com o ZooUnama e com a escola, ensinando desde cedo às crianças a importância da preservação. Hoje, muitos comunitários e alunos da Escola Municipal São Sebastião estão presentes, participando da soltura”, destacou Eric.
Essa foi a terceira soltura realizada pelo projeto – as anteriores ocorreram em 2019 e 2022 – e representa mais um avanço em um trabalho que exige técnica, paciência e compromisso. O médico veterinário Jairo Moura, integrante da equipe do ZooUnama, explicou o processo.
“O projeto Peixe-Boi do ZooUnama começou no segundo semestre de 2008. Os filhotes que recebemos são órfãos e, em sua maioria, chegam com ferimentos, problemas digestivos, respiratórios e em estado de desnutrição. A reabilitação inicial dura de dois a três anos. Em seguida, os animais são transferidos para a base flutuante, já desmamados, onde passam por um período de aclimatação de mais dois a três anos, em contato com a água do rio, suas ondas, pH e demais características fisicoquímicas, distintas da água da piscina”, explicou Moura.
O processo de soltura é cuidadosamente planejado e dividido em etapas. Os animais são monitorados clinicamente para garantir que estejam saudáveis, com ganho de peso e aptos à vida livre.
“É um trabalho de médio a longo prazo, que exige uma equipe técnica permanente e comprometida. Nosso foco é a conservação do peixe-boi, um mamífero aquático que integra a lista de espécies ameaçadas de extinção”, completou o veterinário.
Para o coordenador do ZooUnama, Hipócrates Chalkidis, cada soltura representa o ápice de um esforço coletivo.
“Esse momento é muito importante para nós. Ele simboliza todo o percurso, desde a chegada dos animais ainda filhotes, passando pelos quatro anos de monitoramento e manejo, até culminar com a soltura”, afirmou.
A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), é parceira do projeto desde as primeiras fases. A presença institucional durante a soltura reforçou o compromisso com a proteção das espécies ameaçadas da região amazônica.
“Estamos aqui representando a Prefeitura, e isso é fundamental, pois reforçamos a conscientização ambiental. É essencial que todos desenvolvam um olhar mais atento para o peixe-boi, uma espécie que precisa de proteção urgente”, ressaltou Angélica Souza, agente de fiscalização ambiental da Semma.