Com o objetivo de se antecipar ao período mais crítico de queimadas na região, a Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), realizou hoje, quinta-feira, 8, uma reunião interinstitucional para dar início às discussões sobre a elaboração do plano de contingência e de prevenção às queimadas no município, além de definir a criação de um comitê integrado com representantes de diversos órgãos de resposta e controle ambiental.
A reunião contou com a participação de representantes da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Ibama, ICMBio, Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca (Semap), Secretaria Municipal de Educação (Semed), Polícia Militar, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), além de entidades como a Funai, Incra e outros parceiros estratégicos.
Durante o encontro, foi apresentada uma análise do cenário local, destacando os índices de focos de calor registrados no ano passado. Em 2024, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram identificados 592 focos de incêndio, sendo 330 somente nos meses de novembro e dezembro, no município – período considerado crítico, durante o qual a gestão ambiental decretou emergência ambiental e intensificou as ações de combate.
Além dos incêndios registrados no território municipal, Santarém também foi impactado pela fumaça proveniente de municípios vizinhos, muitos dos quais estiveram entre os líderes em número de focos de queimadas na região Norte.
Vânia Portela, secretária municipal de Meio Ambiente, destacou a importância da criação do comitê integrado como instrumento para fortalecer o planejamento conjunto e eficaz entre os diversos níveis de governo e órgãos com atuação territorial.
“Estamos falando de um problema que ultrapassa os limites administrativos do município. Por isso, o comitê integrado precisa contar com representantes de várias entidades, especialmente dos entes federativos. Apresentamos aqui um levantamento dos grandes incêndios ocorridos no ano passado, e é com base nesses dados que vamos construir, de forma articulada, um novo plano de contingência. Esse trabalho conjunto é fundamental para que possamos enfrentar os desafios com mais estratégia e eficiência”, explicou.
O comandante do 4º Grupamento de Bombeiros Militar (4º GBM), Coronel Piquet, reforçou a importância de apostar na prevenção como estratégia central do plano.
“O objetivo principal é investir na prevenção, porque ela é mais eficaz, mais barata e mais abrangente. Quando atuamos só na resposta, o custo é maior, o desgaste também, e muitas vezes o resultado não é o esperado”, comentou.
O coordenador da Defesa Civil de Santarém, Darlison Maia, lembrou que a experiência dos anos anteriores precisa orientar o planejamento de 2025, não, apenas, em Santarém, mas em toda a região.
“Todos os dados e relatos que reunimos aqui vêm de quem enfrentou diretamente os impactos das estiagens anteriores. É com esse aprendizado que devemos construir um plano robusto. E não é só Santarém que precisa se preparar. Os municípios vizinhos, que em muitos casos registraram mais focos do que nós, também devem estar atentos. O planejamento regional é fundamental para evitar que a fumaça e os danos cruzem fronteiras e afetem milhares de pessoas”, disse.
Próximos passos
A Semma solicitou que cada órgão elaborasse e encaminhasse um documento informativo, com base na expertise e atuação de cada entidade. O material deverá conter dados de ações já realizadas em anos anteriores, parcerias existentes, mapas com as zonas mais críticas, além de propostas de execução de ações educativas para o período de estiagem.
O comitê integrado deverá contar ainda com a participação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), 8º Batalhão de Engenharia de Construção - 8º BEC, Câmara Municipal de Santarém, além dos demais órgãos presentes na reunião.