Autor:
Desconhecido
A Semed engaja as comunidades rurais na intenção de adquirir os produtos oriundos da agricultura familiar produzidos nessas comunidades, para integrar o cardápio da merenda escolar.
A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), realizou uma reunião de trabalho na comunidade de Piracãoera de Baixo, na região de Urucurituba, área de várzea do município, na última terça-feira, 23, para apresentar aos produtores rurais da Agricultura Familiar o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
A secretária de Educação, Mara Belo, destacou que a Semed continua sensibilizando, mobilizando e engajando as comunidades rurais na intenção de adquirir os produtos oriundos da agricultura familiar produzidos nessas comunidades, para integrar o cardápio da merenda escolar. Segundo ela, a regionalização da merenda está avançando por meio das reuniões de trabalho com as comunidades. "Estamos trazendo para essas comunidades possibilidades de uma nova forma de potencializar a agricultura familiar", destacou.
Sobre os encontros com os produtores, a secretária explicou que, inicialmente, os agricultores recebem todos os esclarecimentos sobre o programa e são instruídos a se organizarem para participar da concorrência pública. O segundo momento é uma visita de campo para constatar as informações sobre a capacidade de produção. "Essa segunda etapa é muito importante para consolidar o primeiro momento, uma vez que as visitas às propriedades servem para constatar se a produção atende a elevada demanda exigida pelo PNAE".
A coordenadora da Divisão de Atendimento ao Educando (DAE), Vanda Maia, informou que no primeiro contato com os agricultores é importante explicar que a produção vai ter destino certo e mercado suficiente para absorver a produção. Segundo ela, uma da queixas dos agricultores é a perda da produção devido a escassez da demanda no mercado e a falta de estrutura para escoar e comercializar os produtos por um preço justo.
Vanda Maia explicou que antes de constituir a pauta, documento elaborado pelo nutricionista como exigência à Chamada Pública, há necessidade de se trabalhar a vocação agrícola das comunidades. "Quando nós sabemos a respeito dos produtos e do quantitativo de oferta, assim como o período da safra, o passo seguinte é a elaboração de um diagnóstico, cujo prazo para ser fechado é o mês de agosto". Disse ainda que depois da Semed dispor do levantamento do quantitativo da produção de toda a região visitada e também nas áreas de atuação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Instituto Chico Mendes (Icmbio), Associação Tapajoara e Instituto de Pesquisa da Amazônia (IPAM), o nutricionista da Semed vai trabalhar os quantitativos que serão contemplados na chamada pública para 2020.
O nutricionista da Semed, Joilson Dutra, informou que no momento dessa mobilização uma das principais atividades é fazer o mapeamento sobre o potencial que a comunidade tem para ofertar à merenda escolar. Segundo o nutricionista, a proposta do governo Nélio Aguiar é substituir os industrializados por produtos naturais, produzidos pela agricultura familiar. Dentro de pouco tempo a salsicha, almôndega e a sardinha serão substituídos por galinha caipira, ovos e peixe. Com isso, o alimento dos escolares se tornará mais saudável e de qualidade.
A coordenadora do Ipam, Alcilene Cardoso, informou que a entidade atua há bastante tempo na várzea do Baixo Amazonas, em Santarém, na região do Urucurituba, em Piracãoera de Baixo e de Cima, locais de realização das visitas, uma localidade que tem potencial agrícola. Segundo ela, o Ipam tem discutido sobre diversos temas com as comunidades e mais recente sobre os "negócios familiares sustentáveis". Para isso, tem contado com apoio de alguns financiadores, como a Eletronorte, cujo objetivo busca a melhoria da produção, o beneficiamento e o transporte dos produtos locais.
O Ipam vai continuar auxiliando os produtores com assistência técnica para a gestão da produção; os agricultores participam com os produtos da Agricultura Familiar; e a Semed com o mercado, absorvendo a produção para a Merenda Escolar. Para resolver o problema do beneficiamento e o escoamento da produção serão construídas unidades piloto de processamento de lavagem, triagem e embalagem dos produtos, que também evitará perdas na produção, que atualmente chegam a 30%.
Além disso, o Ipam vem trabalhando a pequena agroindústria artesanal e, agora, com o avanço na legislação por meio do Selo Arte, está dialogando com o governo do estado e com os municípios no baixo Amazonas, para simplificar ainda mais a legislação, a fim de possibilitar a implantação de empreendimentos comunitários artesanais, avançando na conquista do mercado.
Piracãoera - O presidente da Associação dos Moradores, Pescadores e Agricultores de Piracãoera de Baixo, Raimundo Carlos Dourado do Livramento, avaliou positivamente a reunião de trabalho promovida pelo Ipam, com a participação da Semed. Segundo ele, o PNAE é muito importante, pois entende que vem para melhorar as condições de vida dos moradores da comunidade. "Nós sempre almejamos esse projeto, mas infelizmente, jamais tivemos a oportunidade que está chegando somente hoje", destacou.
Raimundo Carlos disse ainda que a comunidade de Piracãoera de Baixo é formada por 120 famílias, com mais de 100 produtores. Segundo ele, considerando, que o projeto vai envolver outras comunidades da região, a produção é suficiente para atender a demanda da Merenda Escolar que a Semed precisa.
Sobre a exposição, ele disse que foi bem esclarecedora e acredita que serviu para tirar as dúvidas dos comunitários. "O passo seguinte é a organização de uma cooperativa com a participação dos produtores rurais da comunidade".
O agricultor José Vianei, 43, que cultiva melancia, tomate, macaxeira, maxixe, jerimum, pepino, repolho e couve, afirmou que o PNAE é uma ótima alternativa aos trabalhadores que em sua totalidade trabalham com a Agricultura Familiar. "Infelizmente, nós aqui de Piracãoera, sofremos com a perda de nossos produtos por falta de marcado que absorva o que produzimos. Mas essa história pode mudar com ajuda da Prefeitura de Santarém, da Semed e do Ipam", concluiu.
