Secretária Celsa Brito, João Teixeira e Soliene Aguiar.De repente o cenário mundial mudou. A liberdade de ir e vir tornou-se restritiva. O mundo se deparou com uma pandemia e reviravoltas mudaram a vida de muita gente. Entre elas, a do senhor João Pereira da Silva, de 83 anos, que mesmo em meio ao panorama caótico encontrou uma surpresa aguardada há 30 anos.
João é um senhor humilde, natural do Espírito Santo, que residia no km70 há 30 anos e que ficou ‘preso’ a Santarém no meio da pandemia, quando veio fazer a prova de vida junto ao INSS após ter tido o benefício suspenso. “Aqui, eu fiquei em uma situação difícil, fiquei doente, sem dinheiro e tive que ficar nas ruas, sem ter como voltar para a cidade em que morava”, conta o idoso.
Diante da situação, João foi levado pela equipe da Prefeitura de Santarém ao Serviço de Acolhimento Emergencial Temporário para Pessoas em Situação de Rua, um acolhimento temporário, implantando pelo governo municipal por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras) em parceria com o Governo do Estado por meio do Centro Regional de Governo, para acolher temporariamente pessoas em situação de rua durante a pandemia.
Quando acolhido, João apresentava os sintomas do novo coronavírus e foi encaminhado pela equipe municipal de assistência social ao hospital para receber tratamento. Enquanto isso, a equipe do acolhimento iniciou um levantamento sobre os familiares e encontrou o filho Sostines Dias da Silva, morador do Espírito Santo, terra que o pai João havia deixado há mais de 30 anos e perdido todos os contatos.João na comunidade terapêutica minutos antes de embarcar para o Espírito Santo.
A partir de então, organizou-se uma força tarefa liderada pela Semtras e o Centro Regional de Governo para promover o reencontro entre pai e filho. Após recuperação, João ficou em acolhimento na Comunidade Terapêutica “Há Esperança sem Drogas”, administrada pelo presidente Patrick Queiroz, aguardando até que todos os trâmites da viagem fossem concluídos.
A viagem ocorreu nesta terça-feira (11), seguindo todos os protocolos dos órgãos de saúde. João foi acompanhado por três jovens moradores da comunidade terapêutica que se voluntariaram em cuidar dele durante toda a viagem.
“Nos sentimos felizes em promover esse reencontro familiar. Não medimos esforços durante todo o acolhimento para que principalmente a questão de saúde fosse priorizada. Essa foi mais uma conquista do acolhimento Temporário para Pessoas em Situação de Rua em que estivemos à frente. Além da história do seu João, temos muitas outras histórias felizes para contar. Conseguimos detectar a real identidade de dona Gentileza (Célia Regina Pitta dos Santos, natural do Rio de Janeiro), que desconhecia há anos o verdadeiro nome. Temos ainda a história do senhor Raimundo da Silva que amanhã (13), irá reencontrar parte de sua família”, pontuou a Secretária Municipal de Trabalho e Assistência Social, Celsa Brito, que acompanhou de perto o desenrolar do reencontro de João, junto com a coordenadora da Proteção Social Especial Glaucya Fiori e a coordenadora de Assistência Social da Secretaria Regional de Governo Soliene Aguiar.
A coordenadora do Acolhimento Louise Aguiar lembra que além do desafio de acolher pessoas em situação de rua, o acolhimento também foi um espaço de viabilização de direitos. “Além de promover encontro familiar, outros direitos foram proporcionados, como a emissão do cartão SUS, Carteira Municipal e Interestadual do Idoso, Auxílio Emergencial, articulação para atendimentos médicos, consulta com geriatra e todo tratamento e acompanhamento."