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A vila de Alter do Chão do município de Santarém no oeste do Pará receberá de 21 a 27 de outubro o evento de abrangência mundial da sétima arte, o Festival de Cinema de Alter do Chão denominado Fest Alter. A realidade peculiar dos nativos será apreciada em grande parte dos espaços que comporão o evento, além disso, o festival irá salientar a sustentabilidade por meio da ornamentação na Praça do Çairé e Lago dos Botos com elementos colhidos dentro da floresta mostrando a pluralidade cultural dos povos étnicos da vila.
Enfatizando a consciência ambiental, resíduos do incêndio ocorrido no mês de setembro em pontos da Área de Proteção Ambiental (APA) de Alter do Chão também serão transformados em arte e junto com outros elementos serão responsáveis pela decoração rústica do festival que estima atrair 50 mil visitantes.
O artista plástico coordenador da criação e montagem do cenário e também nativo de Alter do Chão, Nilson Coelho, informou como ocorreu o processo da captura dos materiais. “Assim como os antepassados deste lugar, os índios da etnia Borari, a nós, nativos cabe sermos os primeiros a ter o respeito pela nossa casa Mãe, a floresta Amazônica. Incluir os resíduos é uma estratégia de limpeza ambiental para que o verde possa brotar mais rápido na área e também uma estratégia de reflexão ao uso consciente do meio ambiente. E o mais interessante é que a colheita dos materiais foi realizada por um grupo formado por pessoas de diferentes raças e etnias, uma grande pluralidade cultural.
As inúmeras atribuições do nativo da Amazônia e a oportunidade de renda
O clichê caboclês, ora sério, ora cômico, “te vira caboclo”, foi uma das falas do pescador e morador da Vila, Elivaldo dos Santos, para relatar as alternativas de renda do dia a dia. “Te vira caboclo. Na baixa da pesca temos que buscar outras alternativas para não faltar dinheiro em casa. Trabalhei aqui na Festa do Çairé, retornei a pescaria e agora com a oportunidade do evento do Cinema, estou aqui na manutenção da barraca. Utilizando o conhecimento caboclo vou de pescador a construtor de barraca. Estamos ansiosos em mostrar nossa cultura, comercializar a nossa culinária e impulsionar nosso lucro e renda.”
A vendedora de doces e refeições regionais da Praça Sete de Setembro na Orla da Vila, Joana Sardinha, informou que na vila já há muitos comentários positivos sobre o Fest Alter . “O evento vai trazer conhecimento, são inúmeras novidades. Vejo também como uma alternativa para melhorar minha renda. Aqui tenho várias opções, desde os variados sabores de doces como a cocada sabor cupuaçu, até a galinha caipira, nosso carro chefe. Eu que preparo e trago membros da família para ajudar no atendimento. Nós estamos preparados para atender durante os sete dias”, detalhou.
O vai e vem de turista em Alter do Chão
O turista do Rio de Janeiro (RJ), Osvaldo Braga Neto, está pela segunda vez na Vila de Alter. Quando questionado sobre o por que de voltar a terra dos antepassados da etnia Borari, a reposta dele é rápida e precisa: “A Amazônia é linda”. “As demais nações do mundo conhecem mais a Amazônia do que o próprio brasileiro, a exemplo da Festa do Çairé, e agora este Festival que certamente divulgará por meio dos curtas e longas metragens a Amazônia. E nós devemos vir mais e prestigiar esta arte bem como debater sobre a preservação deste lindo lugar”, destacou emocionado.
Para o secretário municipal de cultura Luis Alberto Figueira, o município de Santarém, nos últimos anos, está ganhando grande repercussão nacional e internacional, principalmente por suas belezas naturais e culturais como a Festa do Çairé e agora o Festival de Cinema. “Estamos articulando este evento desde 2017. O diretor Locca Faria esteve como jurado do Festival dos Botos Cor de Rosa e Tucuxi durante a Festa do Çaié em setembro. Ele gostou de Santarém e nos propôs a ideia de tornar Alter do Chão a sede desse grandioso evento. O governo municipal abraçou a ideia e está apoiando com suas secretarias sob a gestão do Prefeito Nélio Aguiar, e incentivo do deputado federal Airton Faleiro e do Estado do Pará, porque entendemos que a cultura não tem bandeira partidária. A única bandeira é a da Cultura. Aqui, o cinema também será contado pelo próprio amazônida”, informou o titular.
“É possível visualizar o grandioso envolvimento das esferas públicas do município, estado e federal. Haverá diferentes manifestações artísticas culturais, de iniciantes e experientes nas produções de filmes e principalmente de comunitários de Alter do Chão. O evento é gratuito, mas se possível pedimos a contribuição de 1 kg de alimento não perecível. O que for arrecadado será distribuído nas entidades filantrópicas de Alter do chão e da área urbana da cidade”, informou o diretor do Festival de Cinema de Alter do Chão, Locca Faria.
Para o Fest Alter foram inscritos 1.979 filmes, as produções vieram de lugares da Amazônia, de outras cidades brasileiras e do exterior e resultou na inclusão de 98 países participantes. Estima-se a participação de 50 mil pessoas no evento. O evento é coordenado pela Krioca Comunicação e tem apoio da Prefeitura de Santarém, por meio de suas secretarias.
O Festival trará exibições de curtas, médias e longas-metragens, além de documentários, filmes feitos em telefone celular, oficinas, palestras, seminários e shows (artistas locais da música, dança, apresentações de etnias indígenas, folclóricas e outras).
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