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Alunos da rede municipal participam de intercâmbio Ciência Cidadã que integra escolas do Peru, Bolívia e Brasil Autor: Desconhecido

Alunos da rede municipal participam de intercâmbio Ciência Cidadã que integra escolas do Peru, Bolívia e Brasil

Ronnie Dantas
Publicado em - Atualizado
O evento ocorre de 12 a 15 de maio em Alter do Chão. Iniciativa é organizada pela Sapopema, Mopebam e Projeto Saúde e Alegria com apoio da WCS e TNC

A Vila de Alter do Chão, em Santarém, oeste do Pará foi o local escolhido para sediar o encontro da Rede Ciência Cidadã. Denominado Intercâmbio de Ciência Cidadã nas escolas o evento ocorre entre os dias 12 e 15 de maio em um hotel da Vila balneária. O objetivo é promover troca de experiência entre os diferentes atores que atuam na rede Ciência Cidadã nas Escolas, identificando os princípios utilizados nas metodologias adotadas e sistematizando as experiências pedagógicas obtidas através da ciência cidadã nas Escolas da Amazônia. A Prefeitura de Santarém por meio da Secretaria de Educação é uma das parceiras do evento.

A programação conta com 25 pessoas representantes dos Estados do Pará, Rondônia e Amazonas e dos países Peru e Bolívia com debates e reflexões sobre princípios metodológicos, legislação da Educação Ambiental na escola, troca de experiências entre os projetos, noite Cultural e visita à aldeia Solimões, na Resex Tapajós Arapiuns, integrante do projeto desde 2018. 

A abertura, com a socialização das metodologias de CC utilizadas nas escolas ocorreu ontem (12) pela manhã. A tarde teve Diálogo metodológico e Apresentação dos grupos e Sistematização.

Nesta sexta-feira (13), estudantes das escolas das comunidades Pixuna, Santa Maria, Tapará Miri, Tapará Grande, Costa do Tapará, Aracampina, São Luiz do Tapajós, Solimões, Cametá, Parauá e Suruacá se juntam aos representantes dos países Peru, Bolívia e Estados Rondônia e Amazonas, onde apresentam os resultados do monitoramento de peixes através do aplicativo ictio desde o mês de agosto/2021 a março/2022.

O professor e comunicador popular Paulo Lima representa o Projeto Saúde e Alegria (PSA) no evento. Segundo ele, as tecnologias sempre foram uma estratégia do PSA para atrair crianças e jovens a novas descobertas.

“Nós, do Projeto Saúde e Alegria, trabalhamos com estratégias de fazer com que o jovem tenha a capacidade de registrar, fazer vídeos, fazer programas de rádio, ou seja, há uma complementação entre tecnologia, reforço de resgate cultural e empoderamento do jovem, que se sente um comunicador e quando a Sapopema nos apresentou a ideia de trabalharmos com o tema da Ciência Cidadã a gente encaixou direto, pra nós faz todo sentido”, disse o professor.

Conforme Lima explicou que a ideia do projeto é, junto com a Aldeia Solimões, fazer o monitoramento do estoque de pescado através do aplicativo desenvolvido para essa finalidade. “Então sai uma informação de muito boa qualidade que tem que ser pensada ao longo do tempo e vai fazendo séries históricas de informações sobre quais peixes aparecem, em que período do ano, isso facilita muito a pesquisa e faz com que o jovem se acostume à pratica de coleta de dados pra informação cientifica, os debates são em torno disso, a capacidade de você observar e conhecer melhor toda a dinâmica do pescado que pra nossa região é fundamental”.

A professora Berenice Simão atua na Educação Básica nas Secretarias Estadual e Municipal de Rondonia.  Também é pesquisadora Doutoranda em Educação pela Universidade de Rondônia com o tema Educação Ambiental. Para ela, as questões ambientais são importantes tanto na Amazônia como no mundo todo.

“Discutir as questões ambientais é cuidar da nossa casa e esse projeto vem se desenvolvendo de forma muito efetiva porque nós estamos tratando com os alunos da educação básica e quando esses projetos se estendem para comunidades na Amazônia é como se nós estivéssemos dividindo o conhecimento para o mundo todo, é uma preocupação com nossa casa comum que é o meio ambiente, então, cuidar disso, discutir isso de forma científica é partilhar todos os saberes com o mundo”, disse.

Ainda segundo Berenice, partilhar conhecimentos e preocupação com as crianças e adolescentes que estão na escola é dar ferramentas e subsídios pra que eles (alunos) ajudem a evitar  essa catástrofe que, segundo ela, a cada dia está se agravando cada vez mais.

“Na prática é isso, todo mundo cuidando para ver como que a gente pode extrair da floresta, dos rios, um alimento saudável, como fazer isso na prática cuidando do ambiente, então a ciência, as pesquisas, as universidades têm respostas pra isso, isso já vem se estudando à décadas e nós estamos partilhando com as pessoas que lidam com a terra, com as águas, com as florestas, esses conhecimentos pra que isso seja feito de forma equilibrada a não danificar o meio ambiente”, finalizou.

Professor Nilton Araújo, assessor de rios da Semed, esteve na abertura do evento. Ele ressalta a importância do Projeto Ciencia Cidadã para os alunos da Rede municipal, principalmente das regiões de várzea e do rio Tapajós.

“Esse projeto é muito importante, pois além de fomentar a ciência e pesquisa através da patilha de conhecimentos podemos ainda incentivar nossos alunos à uma melhor consciência ambiental e, quem sabe, no futuro, fazer uma faculdade voltada a esse tema, às relações de pesca, preservação do ecossistema, preservação da biota local, e a Semed entra como parceira justamente para isso, além de prover logística e adequação de espaços para que os alunos sejam bem atendidos”, disse Nilton.

No sábado (14), cerca de cento e sessenta participantes do intercâmbio, atravessam de Alter do  Chão para a aldeia Solimões, onde participarão da programação que contará com celebração, apresentações culturais, visita guiada à aldeia e sistematização da experiência em ciência cidadã aos visitantes.

“A aldeia tem muito a partilhar com as escolas das outras comunidades, países e Estados. Será um encontro importante para fortalecer as experiências de Ciência Cidadã em cada território” - ressaltou a professora Socorro Pena e coordenadora do projeto. 

Sobre o Projeto Ciência Cidadã

O Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia é uma rede de organizações que colaboram para empoderar cidadãos e gerar conhecimento sobre os peixes e ecossistemas aquáticos da Bacia Amazônica: o maior sistema de água doce do mundo. Oferece uma oportunidade para geração de informações sobre peixes e águas na escala amazônica e para envolver os cidadãos como atores informados e capacitados para o manejo sustentável da pesca e a conservação das zonas úmidas amazônicas.

Na região do Tapajós e Amazonas, é implementado pela Sapopema e Mopebam em onze escolas com parceria da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Projeto Saúde e Alegria, Semed e apoio da WCS e TNC.

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