O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais emergências médicas e uma das maiores causas de morte e incapacidade no Brasil. Em Santarém, o Hospital Municipal Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS) já registrou 390 atendimentos de pacientes com diagnóstico de AVC entre janeiro e outubro deste ano. O hospital é referência no atendimento de urgência e emergência para toda a região Oeste do Pará.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de AVC, cerca de 400 mil pessoas são acometidas pela doença todos os anos. Em 2023, o país registrou mais de 105 mil mortes por AVC, conforme dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), órgão responsável por reunir e divulgar informações oficiais de saúde pública.
Segundo o médico emergencista Geraldo Pio, que atua no pronto-socorro do HMS, o AVC acontece quando o fluxo de sangue é interrompido ou quando há o rompimento de um vaso no cérebro.
“Essas alterações fazem com que parte do cérebro fique sem oxigênio, e as células começam a morrer em poucos minutos. O atendimento rápido é o que determina a chance de recuperação do paciente”, explicou.
De acordo com o médico, o AVC não tem idade. “Hoje nós temos quatro pacientes internados em estado grave na estabilização do hospital. São pessoas de idades diferentes. Isso mostra que o AVC pode atingir qualquer um, e que o ideal é cuidar dos fatores de risco antes que ele aconteça”, afirmou.
O profissional reforça que reconhecer os sinais é essencial e pode salvar vidas.
“Nós usamos o método SAMU, que é fácil de lembrar. Se a pessoa tiver dificuldade para sorrir, levantar um dos braços ou repetir uma frase curta, é preciso acionar o serviço de urgência imediatamente”, orientou.
Para o Dr. Geraldo, a prevenção ainda é o melhor remédio. “Ter uma rotina saudável, controlar a pressão arterial, manter o peso, evitar o cigarro e praticar atividade física são medidas simples que reduzem muito o risco de um AVC. A diferença está em começar o cuidado antes de precisar de um atendimento de emergência”, destacou.
No HMS, os pacientes com suspeita de AVC recebem atendimento imediato, passam por avaliação médica e, se necessário, são internados para estabilização e acompanhamento multiprofissional. O trabalho integrado das equipes médicas, de enfermagem e fisioterapia garante que cada caso receba a atenção necessária, com foco na recuperação e na qualidade de vida.
Prevenção na Atenção Primária
A secretária municipal adjunta de Saúde, Irlaine Figueira, destaca que a prevenção do AVC começa muito antes da necessidade de atendimento hospitalar. Segundo ela, as Unidades Básicas de Saúde têm papel fundamental no acompanhamento contínuo das pessoas com fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol alto e tabagismo, além de promoverem atividades educativas e ações de promoção da saúde.
“A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada do cuidado, onde conseguimos identificar precocemente quem precisa de acompanhamento. Quando o cidadão mede a pressão regularmente, participa das consultas e recebe orientação sobre alimentação e atividade física, nós estamos prevenindo um AVC antes mesmo que os sintomas apareçam”, ressaltou Irlaine.
Ela reforça ainda que o município vem ampliando estratégias para fortalecer esse acompanhamento.
“Investimos constantemente na capacitação das equipes e ampliamos as ações de educação em saúde por meio das visitas domiciliares. Nosso objetivo é que a população busque a Unidade Básica antes de adoecer. Cuidar da saúde de forma preventiva reduz o risco de AVC e evita que tantas pessoas precisem chegar ao atendimento de emergência”, concluiu.
Autor:
Andria Almeida/ CCOM