O município de Santarém ganhou destaque na 19ª edição da Mostra Brasil, aqui tem SUS, ao ser premiado pelo projeto Unidade Básica de Saúde Fluvial: modelo de atenção em saúde em um município da Amazônia, Brasil, ontem, quinta-feira,12, no Hotel Princesa Louçã, em Belém. Apresentado pela enfermeira Irlaine Figueira, o trabalho foi reconhecido por sua abordagem inovadora e eficaz no atendimento às populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas por meio de três Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF): Abaré, Ailton Barros e Abaré II.
O evento, promovido pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), tem como objetivo promover a troca de experiências entre municípios, valorizando iniciativas bem-sucedidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e difundindo soluções inovadoras para garantir o acesso universal à saúde.
“O prêmio recebido na Mostra Brasil destaca a importância do modelo de saúde fluvial como uma solução viável para áreas de difícil acesso. Santarém, pioneira na implementação de três UBSF's, prova que é possível oferecer assistência médica de qualidade, mesmo diante de desafios logísticos. Essa experiência exitosa reforça a capacidade do SUS de se adaptar às realidades locais, garantindo o direito à saúde como um direito universal e inalienável”, pontua a enfermeira Irlaine Figueira.
Projeto
O projeto premiado aborda o credenciamento de incentivo financeiro junto ao Ministério da Saúde (MS) para a implementação e operação das UBSF's em Santarém. Essas unidades atendem comunidades ribeirinhas nos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns, garantindo assistência médica a mais de 100 comunidades e cobrindo cerca de 43% da região.
Iniciado em 2010 com a UBSF Abaré, o modelo foi expandido em 2020, com a UBSF Ailton Barros, e mais recentemente, em 2023, com a UBSF Abaré II. Apesar da demora no processo de credenciamento, as unidades já operavam com recursos próprios do município, realizando ações de saúde como consultas médicas, atendimentos odontológicos, exames especializados e pequenas cirurgias.
A geografia desafiadora de Santarém, com uma população de mais de 331 mil habitantes, espalhada em uma área de 22.886 km², demandou soluções criativas para superar barreiras no acesso ao SUS. As UBSF's atuam levando serviços de saúde diretamente às comunidades, além de promover iniciativas de educação em saúde e cidadania.
História das UBSF's
O município de Santarém foi pioneiro ao levar atendimentos de saúde às comunidades ribeirinhas, utilizando uma embarcação. As primeiras viagens foram coordenadas pela ONG holandesa Terra de Homens, em parceria com a ONG Projeto Saúde e Alegria (PSA), com o Abaré, em 2006.
Após análises, o Ministério da Saúde tornou essa estratégia assertiva no ano de 2010 em política de saúde pública federal. Dessa forma, as UBSF's foram implantadas para atender as peculiaridades da Amazônia Legal e do Pantanal.
O Abaré foi integrado ao SUS e credenciado como a primeira Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF) do Brasil, tornando Santarém referência nacional. Em 2011, o Abaré II foi adquirido pelo PSA e repassado em comodato para a Prefeitura de Santarém, sendo reformado por meio dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS).
Em 2019, foi inaugurada a UBSF Ailton Barros, que passou por ajustes técnicos para atender as exigências do Ministério da Saúde. Ambas as unidades foram entregues revitalizadas, equipadas e mobiliadas como parte da programação de aniversário de Santarém, em 2022.
Atualmente, Santarém conta com três UBSF's: o Abaré , Abaré II e Ailton Barros. A unidade fluvial Abaré é gerida por meio de uma parceria entre a Semsa e a Ufopa, atuando na região do Tapajós. Por sua vez, as unidades Abaré II e Ailton Barros são administradas exclusivamente pela Semsa. O Abaré II oferece assistência à saúde nas regiões do Médio e Alto Arapiuns, enquanto a UBSF Ailton Barros atende às comunidades de Urucurituba e da região do Aritapera.
Em suma, o impacto das UBSFs vai muito além do atendimento médico. Essas unidades têm fortalecido as comunidades locais. Além de oferecer melhores condições de saúde, o modelo promove a integração entre políticas públicas, assistência social e iniciativas educacionais. Essa experiência também serve como referência para outros municípios, demonstrando a viabilidade de soluções adaptadas às necessidades locais.