O período chuvoso aumenta o risco de doenças transmitidas pela água contaminada, como a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira. Presente na urina de animais infectados, especialmente ratos, a bactéria se espalha com mais facilidade durante enchentes. Para prevenir a infecção, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) reforça o alerta com orientações do infectologista Dr. Alisson Brandão, do Hospital Municipal de Santarém Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS).
A leptospirose pode se manifestar de forma leve ou grave. Os sintomas mais comuns incluem febre alta, dores musculares intensas (especialmente na panturrilha), dor de cabeça, mal-estar, olhos avermelhados, náuseas, diarreia, tosse e manchas vermelhas na pele. Nos casos mais graves, a doença pode levar a icterícia (amarelamento da pele e dos olhos), insuficiência renal, hemorragias e até falência múltipla de órgãos, podendo ser fatal.
Diante de qualquer suspeita, é fundamental procurar atendimento médico imediatamente, pois a leptospirose pode evoluir rapidamente e causar complicações sérias. O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento adequado.
A coleta de exames geralmente é realizada nas unidades de pronto atendimento (UPA ou HMS), pois, em casos suspeitos, o paciente costuma ser internado. No entanto, se o paciente comparecer espontaneamente ao Núcleo Técnico de Vigilância em Saúde (NTVS), na Av. Moaçara, bairro Floresta, com solicitação médica, o exame também pode ser realizado.
Para a realização do exame, são necessários os seguintes documentos: Cartão SUS, RG e a solicitação médica. Não há necessidade de jejum, mas, no caso de menores de idade, é obrigatório o acompanhamento de um adulto responsável.
O infectologista explica que a principal preocupação nesse período de chuvas é o risco de contaminação em áreas alagadas: “A Leptospira está presente na urina dos ratos e se espalha com as chuvas, principalmente em áreas alagadas e contaminadas por esgoto e lixo. Se uma pessoa caminha descalça por essas águas, tem feridas expostas ou ingere essa água contaminada, pode ser infectada. O risco maior está nos alagamentos, onde a bactéria sobrevive por mais tempo na água.”
Ele alerta que, além da forma mais comum da doença, existe uma variante mais grave, chamada de forma ictrohemorrágica.
“Essa forma ocorre quando há icterícia, podendo evoluir com insuficiência renal e levar o paciente a óbito. A maior preocupação é justamente esse contato com água contaminada, pois a bactéria, ao entrar em contato com mucosas, olhos ou ferimentos na pele, pode causar a infecção.”
Para minimizar os riscos, o infectologista recomenda algumas medidas preventivas essenciais:
- Evite contato com água de enchentes e alagamentos sempre que possível.
- Use botas e luvas de borracha ao transitar em áreas alagadas.
- Lave bem as mãos e os pés com água e sabão após contato com água possivelmente contaminada.
- Não acumule lixo e mantenha os alimentos protegidos para evitar a presença de ratos.
- Tampe ralos e frestas que possam servir de abrigo para roedores.
- Evite consumir alimentos ou água que possam ter sido contaminados pela enchente.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN-NET), entre 2020 e 2025, Santarém registrou 181 casos suspeitos de leptospirose. Desses, 13 foram confirmados, 157 descartados e 11 seguem inconclusivos por falta de um diagnóstico definitivo. Somente em 2024, foram notificados 32 casos suspeitos, com um caso confirmado da doença. Em 2025, não há nenhum caso notificado
O secretário municipal de Saúde, Everaldo Martins Filho, destaca que a Semsa intensificou ações de prevenção e monitoramento para reduzir os impactos da leptospirose no período chuvoso: “A Semsa está orientando a população sobre os cuidados necessários para evitar a exposição à doença. A colaboração das pessoas é fundamental, seja evitando contato com água contaminada ou mantendo os ambientes limpos para reduzir a presença de roedores.”
Colaborou Ândria Almeida, assessora de comunicação da UPA 24h, HMS e PSM