Na noite deste sábado, 21, o Festival dos Botos, dentro do Çairé 2024, em Alter do Chão, foi inaugurado com a aguardada apresentação do Boto Cor de Rosa, às 21h, que trouxe um espetáculo carregado de emoção e consciência ambiental. Com o tema “Rikwé e Tradição”, o boto despertou a atenção do público para a importância da preservação da Amazônia diante das mudanças climáticas.
‘Rikwé’, termo da língua Borarí que significa ‘vida’, foi o eixo central da narrativa defendida pela agremiação. O Boto Cor de Rosa transformou o palco à beira do Lago dos Botos em um verdadeiro clamor pela preservação das florestas e dos rios amazônicos. A mensagem do espetáculo foi clara: a grande estiagem que tem assolado a região está afastando peixes e botos dos lagos, e, sem a preservação da biodiversidade local, a vida na Amazônia corre sério risco.
Com uma performance envolvente, o boto defendeu que a responsabilidade pela preservação da floresta não é apenas uma questão do presente, mas um legado a ser deixado para as futuras gerações. A alegoria do boto explorou o ciclo da vida nas águas amazônicas e as ameaças impostas pela destruição do meio ambiente, tocando profundamente os espectadores.
“Nosso propósito este ano foi mostrar que a vida na Amazônia é uma dança entre a floresta, os rios e os animais. Quando um desses elementos se desequilibra, todos sofrem”, destacou Miguel Von, presidente do Boto Cor de Rosa. “Estamos enfrentando uma estiagem sem precedentes, e é urgente que todos percebam a necessidade de cuidar da floresta. Não é apenas sobre nós, é sobre as futuras gerações”, completou, enfatizando o papel crucial da conscientização ambiental no festival deste ano.
A apresentação, repleta de momentos visuais de tirar o fôlego, utilizou luzes, músicas e coreografias que simbolizaram a interdependência entre a vida nas águas e na floresta. Com movimentos ritmados e personagens que representavam os habitantes das águas — entre eles, peixes, botos e criaturas mitológicas —, o espetáculo prendeu a atenção dos jurados e do público desde o primeiro instante.
O boto trouxe ainda um alerta poderoso sobre as mudanças climáticas que têm impactado diretamente a vida ribeirinha, lembrando que as ações humanas são fundamentais para preservar os recursos naturais da Amazônia. "Nossa mensagem principal foi: preserve o meio ambiente e dê espaço às futuras gerações", resumiu o presidente Miguel Von, em mais um momento de conscientização.
No total, 16 itens foram avaliados pelos três jurados do Festival dos Botos, que incluem desde a performance artística até a construção dos temas e alegorias. A competição, que sempre é acirrada entre os botos Cor de Rosa e Tucuxi, promete ainda mais emoção com o anúncio do resultado, marcado para as 17h desta segunda-feira, 23.
A apresentação do Boto Cor de Rosa deixou uma marca indelével na edição 2024 do Çairé, reforçando a importância de se manter a tradição aliada a um olhar atento para os desafios contemporâneos que a Amazônia enfrenta. Resta agora aguardar o resultado final e celebrar o impacto cultural e ambiental proporcionado por esta grande manifestação amazônica.
A apresentação deste sábado trouxe à tona o espírito de luta e preservação que o Çairé carrega consigo. Assim, o Boto Cor de Rosa deixa um forte legado de conscientização, não só para os presentes no festival, mas para toda a Amazônia e o mundo.