Encerra nesta terça-feira, 29, o Seminário “Planos de Vida – individual e coletiva” para adolescentes refugiados da Venezuela, indígenas, da etnia Warao, acolhidos pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto Peabiru.
O seminário iniciou nesta segunda-feira, 28, na Escola de Artes Emir Hermes Bemerguy,
com a presença de 23 adolescentes com idade entre 12 a 17 anos, muito deles residem em Santarém na Casa de Acolhimento para Adultos e Famílias (CAAF) há 5 anos.
Neste primeiro dia, o seminário já trouxe reflexões sobre a história do povo Warao, memórias da Venezuela e vivências no Brasil. Vídeos sobre histórias na Venezuela foram mostrados para os adolescentes que atentamente acompanharam.
Nesta terça-feira, assuntos como: responsabilidade financeira e economia solidária, plano de vida individual, plano de vida coletivo, autocuidado e saúde mental também serão discutidos.
Kássya Fernades, relações internacionais do UNICEF, destacou que este seminário faz parte da parceria entre Unicef e as Prefeituras de Santarém, Belém e Ananindeua, somando na preparação desses municípios para integração dessa população nas políticas públicas. Kássya lembrou que a parceria entre UNICEF e Santarém é longa, inclusive no atendimento com a população Venezuela e que nos últimos 2 anos prestaram apoio e fortaleceram o trabalho na CAAF.
“Passado todo esse tempo, já são 5 anos que essa população tem imigrado para o Brasil, a gente entende que a população já está pronta para ser integrada as políticas públicas como um todo, então nós temos realizado algumas atividades de fortalecimento dos serviços públicos, como o de semana passada e ainda vamos realizar com a educação um seminário sobre educação Warao. Essa atividade específica com os adolescentes tem o objetivo de escutar eles sobre esse processo migratório, porque muitos chegaram crianças e hoje são adolescentes, entender quais são seus anseios aqui neste cenário, no Brasil. A gente sabe que a crise na Venezuela ainda não mostra cenários de redução, diminuição, a gente ainda tem o fluxo migratório, então a gente precisa pensar junto com eles, como foi esse processo e o que eles querem para o futuro”, explicou.
O adolescente Froilan Jose Cardona Peres, 17 anos, lembrou como era sua vida antes da crise que afetou seu país. Ele contou que tinha uma escola, transporte, comida e que tudo ficou difícil, principalmente quando teve contato com o espanhol que para ele foi muito difícil de compreender. O adolescente hoje entende e fala a língua portuguesa e ajuda a comunicação Português/Warao em casa.
“Eu quero ser um assistente social, mas como sou indígena Warao, eu acho não ser tão fácil. Aqui eu estou melhor do que na Venezuela, em 2015/2016, era bom. Eu tinha escola, minha comunidade era na floresta, lá tinha peixe, minha vó me levava de canoa para a escola, quando eu cheguei dentro da cidade eu não entendia o Espanhol, devagarzinho eu aprendi. Aqui no Brasil estou bem, estou estudando na escola Eloina Colares e moro na CAAF”, contou o adolescente.
Vanessa Vidal, coordenadora da CAAF, contou que atualmente são acolhidos pelo município 160 pessoas, entre eles 23 são adolescentes.
“Dentro da Casa, nós contamos com uma equipe técnica onde faz o acompanhamento desses adolescentes. Muitos deles chegaram ao Brasil e não tinham passado por uma escola e hoje, tanto criança quanto adolescente, já tem acesso a escola. Essa capacitação da Unicef visa buscar que eles possam trazer essa memória, como era antes na Venezuela e como eles estão hoje aqui, para que eles possam futuramente ter um projeto de vida”, observou.
A Secretária Municipal de Trabalho e Assistência Social, Celsa Brito, agradeceu a mais essa atividade fruto de parceria com a Unicef.
“Santarém que recebeu esse grupo desde 2017, promovendo esse acolhimento enquanto assistência. A gente tem uma parceria muito fortalecida com organizações internacionais como o Alto Comissariado para Refugiados (ACNUR) e o Unicef. O Unicef trata especificamente da pauta da criança e do adolescente e estamos com essa parceria importante hoje para resgatar o passado, o presente, e o futuro. O que se pensa, como se vê no nosso município, a nível de esperança, fortalecimento, sobre o que se quer para o futuro”, destacou.