A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras), recebeu ontem, quarta-feira, 26, professores e alunos que integram as eletivas humanas 2024 do Colégio Santa Clara. Eles vieram entregar kits de material escolar.
De acordo com a professora Raimunda Barbosa Alves, que trabalha com eletivas humanas no colégio, os kits de materiais fizeram parte de um projeto escolar em que os alunos pudessem trabalhar com um público específico, no caso os indígenas venezuelanos Waraos, acolhidos pela Prefeitura de Santarém, na Casa de Acolhimento para Adultos e Famílias (Caaf).
"Como nosso projeto é da área de humanas, então é olhar pra realidade, ver alguma realidade que precisa ser transformada e trabalhar em prol daquela melhoria. Então, nós escolhemos um público específico, que foram as crianças da etnia Warao, as crianças venezuelanas e na escola nós começamos uma campanha de mobilização, os estudantes se mobilizaram. Foram às salas de aula e ultrapassaram as fronteiras do colégio, foram ao comércio. Eles escreveram artigos para conhecer toda essa realidade das crianças, a crise na Venezuela, como surgiu essa crise? Fatores que geraram essa crise. O caminho dos venezuelanos até chegar em Santarém. Então, a passagem por Pacaraima. De Pacaraima muitos vão para outras partes do Brasil. Então, outro grupo escreveu artigos sobre. Desafios, sonhos desses imigrantes,” explicou a professora.
Marlen Ribeiro, coordenadora da Proteção Social Especial (PSE), ressaltou os desafios em acolher esse público, que continua buscando Santarém como refúgio.
"Eles ainda chegam muito vulneráveis, em todos os sentidos: saúde, alimentação, roupas, calçados. A gente faz um trabalho inicial de levar ao hospital, de fazer as medicações, de fazer as primeiras vacinas, porque eles realmente não tinham acesso a nenhum tipo de serviço na Venezuela. O local em que eles moravam era bastante isolado, à beira de um rio. Não tinham acesso, de fato, à saúde, à educação, à assistência social, a nada. Hoje, as nossas crianças Warao têm evoluído muito. Grande parte já fala um pouco do português e conseguem compreender a nossa língua. Quando elas chegam no acolhimento, elas passam por uma escola que nós temos dentro da própria CAFF, que é chamada de ambientação. É um período onde elas lidam diretamente com uma pedagoga aqui da educação municipal e ela dá os primeiros ensinamentos para que ela consiga ir para a rede regular de ensino. Então é um trabalho muito interessante, é um trabalho árduo, mas que tem rendido muitos frutos,” observou Marlen.
A coordenadora também, informou, que Santarém, pela terceira vez, foi premiada com o selo MigraCidades, um selo internacional, exatamente por conta deste trabalho que é desenvolvido pelo município.
A secretária municipal de Trabalho e Assistência Social, Celsa Brito, aproveitou para agradecer e contar aos alunos quando Santarém recebeu o desafio de acolher os imigrantes venezuelanos da etnia Warao, em setembro de 2017, e que desde então, Santarém vem sendo referência neste tema.
"A gente fica feliz de o Colégio Santa Clara, também, estar aqui junto com a assistência social, junto com a prefeitura, fazendo esse trabalho tão importante, que é realmente de olhar para a nossa comunidade, de olhar o próximo, o que a gente pode ter ao nosso entorno para que a gente possa servir e se doar. Desde 2017, nosso primeiro ano de governo, nós recebemos esse público, naquele início, em setembro de 2017, eram 30 pessoas, que tivemos o desafio de acolher e desenvolvermos um trabalho reconhecido como referência,” explanou e agradeceu a secretária.
Além da professora Raimunda, também participaram deste ato de entrega, o professor Marcos Camargo, coordenador do ensino médio, e mais seis alunos que são representantes de outros 20 que integram as eletivas humanas 2024.