Autor:
Ronaldo Ferreira
A Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtras) e do Núcleo de Direitos da Pessoa com Deficiência (NDPD), promoveu na última sexta-feira, 28, uma capacitação sobre técnicas de audiodescrição voltada para os servidores públicos municipais da Prefeitura e da Câmara de Vereadores.
A iniciativa foi realizada em parceria com a Unidade Educacional Especializada de Santarém (UEES/5º URE) e ocorreu no Plenarinho da Câmara Municipal para um público de 36 pessoas.
"Essa capacitação tem grande importância, pois quando os condutores e expoentes nos eventos se autodescreverem, descreverem os objetos, as imagens e o ambiente como um todo, as pessoas cegas, de baixa visão, com autismo, déficit de atenção ou deficiência intelectual se sentem efetivamente acolhidas e bem-vindas. Isso também aguça o senso de aprendizado, participação e pertencimento, promovendo assim inclusão social e igualdade de direitos”, enfatiza Marcicley Caldas Nogueira, coordenador do Núcleo de Direitos da Pessoa com Deficiência (NDPD).
O objetivo da capacitação foi introduzir aos servidores públicos as técnicas da audiodescrição. Para isso, a aula foi ministrada por Andrea Simone Colares e Maria Aldete de Sousa, professoras transcritoras do Centro de Apoio Pedagógico à Pessoa com deficiência visual (CAP), vinculado à Unidade Educacional Especializada de Santarém (UEES/5º URE).
Para Andrea, que também é uma pessoa com deficiência visual, é fundamental que todas as secretarias e órgãos sejam treinados em prol da acessibilidade.
“Todo órgão pode receber uma pessoa cega, com baixa visão ou uma pessoa dentro do espectro autista, com dislexia ou analfabeta. Por isso, se o servidor dominar o recurso da audiodescrição, ele vai poder auxiliar aquela pessoa e garantir a acessibilidade, seja descrevendo o ambiente, um cartaz ou evento ao vivo”, observa.
Maria Aldete comentou que a formação contou com uma abordagem teórica com práticas e exemplos demonstrativos.
"Para estruturar essa formação nós usamos um texto base da Lívia Mota, pioneira da audiodescrição no Brasil. A partir desse texto, trabalhamos com os alunos trechos e exemplos para eles aprenderem a fazer descrição de fotografias, pinturas, paisagens, charge e outros. Mostramos, também, exemplos de audiodescrições feitas por nós e pela Lívia Mota”, explica.
A audiodescrição é um recurso de acessibilidade comunicacional, no qual o profissional habilitado descreve imagens, vídeos e fotos em palavras, facilitando a compreensão e melhorando a experiência de pessoas cegas e com baixa visão. O recurso também amplia o entendimento para pessoas com deficiência intelectual, transtorno de déficit de atenção, autismo, pessoas idosas e outras pessoas sem deficiência.
Eli Patrícia Dias, agente administrativa na Central de Atendimento do Contribuinte (Sefin), comentou que a formação irá contribuir diretamente para o seu cotidiano de trabalho.
"Foi muito bom ser convidada para participar da formação, porque nós recebemos no meu setor, por exemplo, várias pessoas com deficiência visual ou deficiência intelectual. Agora que obtive o conhecimento, vou poder colocar em prática essa técnica para melhorar o atendimento e o acolhimento do nosso contribuinte”, diz.
Para Fabíola Ferreira, estagiária no CRAS Santarenzinho, a formação também será útil. “É uma forma de fazer com que eles enxerguem por meio de palavras. Quando nós identificarmos esses usuários temos agora as ferramentas e o conhecimento para atendê-los da melhor forma possível”, conta.
"Sem dúvidas foi uma excelente iniciativa fazer este curso, a inclusão social deve ser ampliada cada vez mais e, principalmente, para que nossos colaboradores possam estar preparados para atender as pessoas com deficiência", avaliou Celsa Brito, secretária municipal de Trabalho e Assistência Social.
