Autor:
Semtur
Com águas escuras e geladas que correm entre pedras e vegetação nativa, produzindo um som constante que se mistura ao canto dos pássaros, a Cachoeira do Aruã oferece um cenário que inspira contemplação e aventura. Localizada às margens do rio Arapiuns, a cerca de 100 km de Santarém (PA), a região guarda grande potencial turístico. Para fortalecer esse setor e preparar a comunidade para receber visitantes com mais estrutura e protagonismo, moradores participaram de duas capacitações intensivas entre os dias 2 e 6 de junho, com foco em culinária regional e turismo de base comunitária (TBC).
A ação foi promovida pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Semtur), e conduzida pela turismóloga Ísis Mourão e pelo chef Nixon Ferreira, que ministraram oficinas teóricas e práticas voltadas ao uso sustentável dos recursos naturais e culturais da comunidade.
No período da tarde, o curso de TBC reuniu 23 participantes, a maioria, jovens da própria região. Os conteúdos abordaram temas como turismo sustentável, empreendedorismo coletivo e estratégias para transformar os atrativos locais, (como trilhas, passeios de canoa, banhos de rio e, claro, a cachoeira), em experiências organizadas, seguras e respeitosas aos modos de vida tradicionais.
As oficinas, baseadas em metodologias participativas, incentivaram a criação de roteiros turísticos sustentáveis a partir dos saberes locais. Entre as propostas desenvolvidas, estão trilhas ecológicas, esportes de aventura (como boia-cross, caiaque, rapel e ciclismo), passeios guiados e hospedagem em pousada comunitária.
“A prática ocorreu com os alunos apresentando uma simulação de roteiro turístico da Cachoeira do Aruã, com todos os serviços que podem ser oferecidos pela comunidade. Fiquei muito satisfeita com o resultado. Os alunos passaram a enxergar com mais pertencimento o valor do que têm em sua própria terra e desenvolveram um pensamento empreendedor e coletivo, essencial para o sucesso do TBC”, avaliou Ísis Mourão.
À noite, os moradores participaram do curso de culinária regional, conduzido pelo chef Nixon Ferreira. A formação foi uma verdadeira imersão técnica e cultural, abordando desde boas práticas de higiene e manipulação de alimentos até técnicas de corte, preparo e apresentação de pratos amazônicos. Ingredientes típicos, (como peixes, frutas nativas e ervas locais), foram utilizados em receitas como caldeirada, peixes assados e fritos, além de sucos tradicionais.
O chef também ressaltou a importância do aproveitamento integral dos alimentos, ensinando preparos criativos com cascas, talos e sementes, promovendo sustentabilidade e valorização da biodiversidade local.
O secretário municipal de Turismo, Emanuel Julio Leite, destacou os impactos positivos da iniciativa.
“Essas capacitações fortalecem o turismo de base comunitária e gastronômico, agregando valor à experiência dos visitantes e ampliando as oportunidades de geração de renda para os moradores. A iniciativa reafirma o compromisso da gestão municipal com o fomento ao turismo sustentável nas comunidades ribeirinhas, unindo preservação ambiental, valorização cultural e inclusão social.”
O acesso à comunidade pode ser feito em cerca de 12 horas por barco de linha, saindo de Santarém. De lancha rápida, o trajeto pode durar aproximadamente 5 horas, dependendo das condições do rio.
Com o objetivo de estudar alternativas para facilitar o deslocamento de visitantes, a equipe da Semtur contou com a participação da empreendedora Ana Carolina Oliveira, do setor de turismo da empresa Tuca Tour. Durante a viagem, Carol conheceu de perto a estrutura da comunidade e avaliou possibilidades de incluir a região nos roteiros regulares de visitação — o que pode ampliar o fluxo turístico e viabilizar deslocamentos mais frequentes e ágeis.
As capacitações tiveram como foco qualificar o atendimento em preparação para o Festival Gastronômico previsto para o início de julho, na Cachoeira do Aruã. Organizado pela comunidade com apoio da Prefeitura de Santarém, o evento busca enaltecer a culinária regional e impulsionar o turismo local. Essas formações são fundamentais para garantir uma recepção acolhedora e uma vivência que vá além do paladar, integrando hospitalidade, identidade cultural e saberes tradicionais da Amazônia.
